quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O Natal totalitário nosso de cada ano


A máxima repisada de Nelson Rodrigues  “A unanimidade é burra” nunca foi tão lembrada como ontem por mim, que por razões supervenientes tive que circular pela cidade em lugares que evito até em feriados, a saber; Rua Oriente, 25 de Março, shoppings e outras embaixadas do inferno rsrsrs. Levei 35 minutos para vencer três quarteirões entre bolsadas, esbarrões, sacoladas, buzinaços, etc.
Ocorre que para além da unanimidade as tais festas natalinas são ocasiões TOTALITÁRIAS porque não comportam nenhuma alternativa. Basicamente não amar o natal e não participar da histeria natalina á quase comparável a cometer um crime hediondo tipo infanticídio, matricídio etc... você é condenado, um pária destinado ao limbo eterno se não “confraternizar”.

Bem que poderia ser uma festa mais democrática como o carnaval, por exemplo: Comemora quem quer e quem prefere alternativa pode ir para a praia, sitio ou se isolar nas montanhas etc..., mas não, não há alternativa, pois ninguém admite que você não ache o natal o máximo! E haja explicações e contorcionismos verbais para dar sentido à toda bobageira natalina afff!

O mundo para no Natal. Agh! Ainda que você queira ir para as águas termais de algum balneário ou para os confins da galáxia, haverá apenas natal lá também. Mesmo o ano tendo 365 dias todos precisam se reunir no dia 25 em torno daquela arvore brega, para comer, comer e comer e nos casos mais agudos ouvir as infames musiquinhas do natal rsrsrs... e trocar quinquilharias bem embaladas.
Desafiar a medíocre ditadura das unanimidades é coisa perigosa. Certa vez em outra data cretina que é o dia dos namorados, tive que me ausentar do bar mais cedo e deixar minha namorada na companhia dos amigos porque no dia seguinte ia levantar muito cedo, certo de que ela compreendia que eu gostava dela independentemente da data elegida pelas conveniências das associações comerciais e paguei caro pela “audácia.”   Assim sendo, mesmo não tendo saco para o bom velhinho, tratarei de abraçar um dos cem mil convites para “passar o natal.”  Sim, quando você não tem família, todos ficam preocupados aonde você vai “passar” o natal com medo de que você corte os pulsos. Então convites espocam aos milhares.

Muito tempo atrás quando morava na zona norte minha namorada veio de Botucatu passar férias comigo e passamos o natal dormindo como um dia normal e sem nenhuma inovadora forma de apresentação das proteínas, carboidratos, etc e novamente eu achava que ela compreendia meu tédio com o natal, mas anos depois na última desavença -fatal-, ela esgrimiu aquela última e insuperável mágoa que foi passar um natal sob os lençóis (que eu particularmente considerei uma delicia), porque  para ela, não ter o perú da Sadia e a música da Simone, a bendita árvore que pisca e o famigerado amigo secreto, foi o fim!

Por tudo isso, sim eu provavelmente degustarei aquele tender inundado de sódio e recoberto com algum ingrediente adocicado em alguns lugares, para fugir da danação eterna e  demais consequências que perseguem implacavelmente quem se atreve a não ficar histérico em Dezembro.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

No ritmo atual Brasil levará 30 anos para ficar rico

Da Folha de São Paulo

Mantido o atual ritmo de crescimento da economia, o Brasil levará 30 anos para atingir um patamar de renda por habitante de países hoje listados entre os ricos. Não se trata de riqueza nos padrões da Suécia ou dos Estados Unidos: esse é o tempo necessário para alcançar a renda atual da Eslováquia, a menor entre as economias consideradas avançadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). Um eslovaco tem renda média anual de US$ 18 mil, enquanto o brasileiro deverá ficar nos US$ 11 mil em 2013. Com a economia do país (ou seja, o Produto Interno Bruto) crescendo a 2,5%, e a população a 0,9%, a renda nacional por habitante terá expansão estimada de 1,6% neste ano. Nessa velocidade, será necessário um século inteiro para atingir uma renda de US$ 55 mil, semelhante à dos americanos e suecos hoje. Esses dois países ricos representam dois modelos diferentes de organização da economia e do gasto público, ambos influentes no Brasil. Os EUA têm carga tributária relativamente baixa _na casa de 25% da renda do país, contra 35% no Brasil_ e gasta relativamente pouco com proteção social _9% do PIB, contra quase 13% no Brasil. Já a Suécia é referência mundial em programas de previdência, assistência e amparo ao trabalhador, que somam gastos de 22% do PIB e exigem uma carga tributária de 50%. Desde a Constituição de 1988, o Brasil se inclina mais para a linha sueca de elevação das despesas sociais e dos impostos, o que ajudou a reduzir a miséria e a desigualdade. Em contrapartida, o crescimento econômico ficou mais lento. É claro que só uma renda elevada não basta para que um país seja desenvolvido. Graças ao petróleo, o Qatar tem renda per capita de US$ 105 mil, só inferior aos US$ 110 mil de Luxemburgo, mas a escolaridade média de seus habitantes, de sete anos, é semelhante à do Brasil.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Um cara saltou do 8º andar agora!

Cheguei a pouco (depois de passar na banca em frente pra carregar o Celular) em casa esbaforido de uma noite sem dormir e ainda tive que ligar no SAC da Vivo (ligar no SAC da Vivo sempre me faz ter vontade de virar morador de rua), e me atirei no sofá por alguns instantes e estava pensando em como se sentem os moradores de rua cagando e andando pra Vivo, Net, Mastercard e congêneres, quando escutei um grito; Nããããoooo !!! e ouvi um estrondo parecendo batida de automóvel. Corri até á janela e vi uma mulher desesperada na janela do 8º andar no prédio em frente olhando pra baixo e o teto da banca de jornal destruído e curiosos já se aglomerando. Claro que também fui lá e vi que o F.D.P caiu bem no lugar onde eu fico esperando o troco quando compro o jornal ou recarrego o Vivo e o dono da banca em estado de choque. Olhei para o sujeito e assim como os demais fiz a pergunta mais imbecil que alguém pode formular naquela situação; Cê tá bem? Ele não parecia muito bem, mas mesmo assim queria me responder ou xingar e tentava se levantar assim meio desajeitado e os mais próximos convenceram-no a ficar ali mesmo estatelado esperando o Samu. Ele parecia meio chateado e/ou decepcionado e algo tenso talvez. Intuí que ele estava mais chateado com o que o levou a saltar do que com a situação em si. Sei lá... Sempre penso em porque esses caras pulam sem o menor cuidado ou aviso em cima dos outros!?..., quer dizer... você está andando alegremente pela rua e um estúpido desses cai em cima de você!? Sacagem isso e é o tipo de situação onde são diminutas as chances de você pagar com a mesma moeda, entende? Em minutos chegaram os bombeiros, a PM, a força tática, etc... (Só faltaram os paraquedistas) e levaram o cara para o hospital. Indignado, tirei as seguintes lições: Melhor assinar o Jornal do que comprar na banca e cancelar o Vivo e não ter que colocar os malditos créditos em locais perigosos e me livrar da tentação de virar morador de rua que é um persecutório e recorrente sentimento, que aflora sempre que falo com o SAC da famigerada herdeira da Telesp

Publicado originalmente no Diário da Manhã 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cadê meu Analista !?

Visitar o passado é exercício pesado e pantanoso (risos).  Então sempre que retorno à casa paterna fico reflexivo, pois sempre há mdanças e também recordações num mix frenético-comparativo.
Num raio de uns quinhentos metros da casa dos meus pais  em Jataí-Go sobrou uma única família dos meus tempos. 
Onde eu armava arapucas e caçava tatús tem agora um prédio vistoso de  doze andares. Alias, a última coisa que eu faria se vivesse aqui seria me engaiolar num edifício, mas como dizia Freud “somos o que nos falta”.  O povo aqui agora só pensa em ir ao shopping. Sim esta desgraça dos tempos modernos já chegou aqui e é o “must”  comer na praça de alimentação (agh!) um subway, mc Donald´s, girafas etc, ou ficar em casa e pedir um “Delivery” tudo tudinho  muito chic como se vê nas novelas e filmes. De outro lado, eu também segundo o axioma atribuído ao velho Freud, procuro uma galinhada com pequi, uma coxinha sem pressa feita com massa de batata, a cachaça artesanal do  Zé-Rodrigues acompanhada de um naco de linguiça de porco caipira, porque para os padrões vigentes eu sou antigo e brega, ou no máximo, excêntrico. Isso sem falar das minhas refeições que minha mãe já sabe que precisa ter  milho refogado com cebolinha, gueroba, quibebe, cortado de abobrinha com jiló e arroz com suã, senão eu dou chilique e faço inflamado discurso anti-modernidade (risos) com ofensas aos traidores do modo goiano de comer. Fotos da comilança de hoje, aqui
Perguntei por que precisam de quatro carros aqui em casa e as explicações são variadas, mas o fato é que quase todo mundo tem uma picape (quase do tamanho de um ônibus) pra ir à padaria ou ao banco que fica bem pertinho.
Como acontece em quase todas as cidades do Brasil se você não tiver um carrão e uma TV de 60 polegadas (mesmo que a sala tenha só 2m x 2m), você é um pobre lazarento, Então agora também aqui já temos congestionamentos, estacionamentos e Casas Bahia...
Da música breganeja eu nem falo nada porque é uma metástase nacional.
Mas os demônios que me assombram quando volto aqui são relativos à infância/adolescência, período especialmente sensível onde  -para o bem e para o mal-,  é forjada e definida a nossa  existência...
Tem ainda os espíritos dos Jatobás em cuja sombra eu brincava, fazia confissões e mais tarde descobriria a sexualidade algo dolorida, na época. Eles continuam frondosos todos aqui em frente de casa numa área milagrosamente salva e transformada agora num parque e testemunhando a passagem do tempo. Alguns anos atrás quando meu pai ainda conversava, ele me contou que quando era criança esses Jatobás eram do mesmo tamanho e alguns ficavam nas terras do meu avô e ele (meu pai) tinha um cavalo que se chamava moquinha que sempre empacava debaixo de um deles rsrsrs... bla,bla,bla...
Não sei precisar o quanto vivem esses jatobás, mas eles são talvez, minha mais umbilical ligação com o passado e testemunhas da infância e adolescência marcadas por todo tipo de horror e terrorismo físico e psíquico, infringidos pela doentia repressão religiosa e parental nos anos 60 e 70 e que moldaram a relação de  amor e ódio com o lugar e as pessoas por aqui e é  por isso que eu exclamo; Cadê meu Analista?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Análise acurada sobre as manifestações em junho de 2013



"Os manifestantes, simbolicamente, malgrado eles próprios e malgrado suas afirmações explícitas contra a política, realizaram um evento político!
O estopim das manifestações paulistanas foi o aumento da tarifa do transporte público e a ação contestatória da esquerda com o Movimento Passe Livre (MPL), cuja existência data de 2005 e é composto por militantes de partidos de esquerda. Em sua reivindicação específica, o movimento foi vitorioso sob dois aspectos. Conseguiu a redução da tarifa e definiu a questão do transporte público no plano dos direitos dos cidadãos, e portanto afirmou o núcleo da prática democrática, qual seja, a criação e defesa de direitos por intermédio da explicitação (e não do ocultamento) dos conflitos sociais e políticos. 
Políticas (públicas?) definidas e orientadas pelos imperativos dos interesses privados, as montadoras de veículos, empreiteiras da construção civil e empresas de transporte coletivo dominam a cidade sem assumir nenhuma responsabilidade pública, impondo ao longo dos anos o que ficou conhecido como inferno urbano   ...leia mais

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pat Metheny no Ibirapuera

Vá lá que o Pat Metheny não seja um cara que se preocupa em agradar o público, mas também não precisava exagerar, porque ontem em apresentação no parque Ibirapuera ele ficou no palco com seu novo grupo Unit Band por quase duas horas e não tocou nem um mísero acorde de trabalhos anteriores que nos embalava nos anos 80/90...  Limitou-se à setlist de sua última turnê, sem fazer nenhuma concessão ao público ansioso para ouvir Last train home, American garage,  Airstream...   NADA!  Claro que ele continua virtuoso, criativo, denso e incrivelmente técnico, afinal é um dos poucos músicos que alcançaram a marca de 20 prêmios Grammy na carreira, porém não precisava ficar assim tão “autista” em relação aos fãs, penso eu. Sei lá!?  Pode ser só nostalgia mas senti falta do Lyle Mays na banda. Ele esbanjou técnica, ousadia e interplays na performance, mas chegou ao fim sem emocionar o público que foi embora  com aquela sensação de incompletude, sabe?  Algo como ir a um show do Roberto Carlos ou Ozzy Osbourne e não ouvir nenhuma música conhecida.
O repertório escolhido funciona maravilhosamente num anfiteatro onde toda a virtuose pode ser visualizada/acompanhada de perto mas, no parque com milhares de pessoas, o ambiente dispersivo não favoreceu e é alí que encaixaria bem uns “sons” mais sincopados-amigáveis...
Na saída, encontrei tantos amigos e músicos conhecidos que externaram a mesma sensação, ou seja, embora a apresentação tenha sido impecável, não emocionou!  E ficamos ali na marquise entre goles, conjecturando, que mal faria temperar o espetáculo com umas três músicas do inesquecível Pat Metheny Group !?