A transformação da cidade de Sâo Paulo é uma coisa absurda.
Às vezes conversando com meu pai que viveu em São Paulo na década de cinquenta, fico com a impressão de que tudo que sobrou daquela época foi o Gato que Ri no arouche.
Claro que não é bem assim, mas somente nos útimos 29 anos testemunhei muitas mudanças, umas ruins outras boas, mas no que diz respeito a região central certamente mais decadência do que qualquer outra coisa.
Agora leio no Estadão que o Ca'd'Oro fechou as portas.
Aquele Hotel emblemático que foi o primeiro cinco estrelas da cidade ...(leia mais no OESP)
Quem muito bem analisou este fenômeno foi o premiado arquiteto Paulo mendes da Rocha em entrevista memorável concedida à Carta Capital: "uma cidade degenerada"
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
...uma pausa, um descanso na loucura.
Fim de ano, tempo de reencontrar as origens. Sempre que possível venho à cidade onde nasci, Jataí-Go ver minha família e conseqüentemente, conferir a linha do tempo impressa no rosto daquelas pessoas que não vejo regularmente e imagino que elas fazem o mesmo comigo. Estranha é a sensação anual de voltar á casa onde nasci e revisitar fantasmas, ou melhor, ser visitado por eles. Tempo de ser açoitado por estilhaços de lembranças que explodem a todo instante nas gavetas da memória. Afinal deixei este lugar em Dezembro de 1980 rumo a São Paulo sem saber o que iria acontecer.
Então chegando aqui, sinto falta de amigos e estava agora a pouco percebendo o quão difícil é manter alguma relação por toda vida, porque mudamos o tempo todo e só muito raramente os caminhos se sobrepõem ou mesmo permanecem paralelos -o que já é o máximo-. Entretanto, me considero um felizardo porque tenho ao menos uma irmandade que não se perdeu, que é meu primo Tininho que vem a ser a minha mais remota ligação com minhas origens no sentido mais amplo. Somos muito parecidos e diferentes ao mesmo tempo e sempre que nos encontramos é como se tivéssemos almoçado juntos ontem e não são necessárias muitas palavras para a comunhão.
Crescemos juntos no mesmo quarteirão e nunca perdemos as afinidades, carinho, respeito admiração mútua, lealdade e tudo o mais que dá sentido e consistência a uma relação. Grande fotógrafo, um cara sensível e com uma imensa curiosidade pela vida, documentarista meticuloso, mateiro dos bons e amante do cerrado, ontem me farejou e passou aqui em casa (sim porque até hoje minha mãe mantém numa casa espaçosa os quartos de todos os (sete) filhos com guarda roupa e alguns pertences básicos como se todos ainda estivéssemos aqui- mas isso é um tópico para outra hora) e me pegou para irmos passar o dia na serra do caiapó procurar uma águia cinzenta para fotografar. E lá ficamos o dia todo fotografando e observando pássaros. Falo nisso porque quando chegamos na serra ele já tinha tudo no carro. Ninguém falou no assunto, mas eu sabia que ele já tinha pensado em tudo assim como eu também faria. E lá estavam: minhas comidas goianas favoritas, duas cadeiras confortáveis, binóculos, repelentes cerveja, sucos água etc... numa mini geladeira e até uma super telefone celular que funciona no meio do mato e ficamos ali há 100 kilômetros de tudo, debaixo dos pés de pequis e jatobás no aparado da serra fotografando a chuva os pássaros, a paisagem bucólica, os desenhos aleatórios e caprichosos que a natureza imprime na argila e espiando o catálogo de pássaros comparando, identificando, rindo enquanto ele explicava que ali, (700 metros de altitude) outrora fora o mar no período pré-cambriano sessenta milhões de anos atrás bla,bla,bla... Só nós dois o dia todo escarafunchando a serra, percebendo os cheiros do cerrado e conversando sobre tudo e nada e vez por outra rememorando a infância... avaliando o presente, e... por assim dizer degustando a vida e apostando pra que lado as “mangas” de chuva iam desabar... e porque não, praguejando contra o capitalismo que não deixou uma única peroba-rosa em pé tão comuns por ali anos atrás.
Enfim um dia feliz que fez lembrar Guimarães Rosa que dizia mais ou menos assim: "Qualquer felicidade, qualquer tipo de amor vale a pena, pois é uma pausa, um tiquinho de saúde, um descanso na loucura!"
Algumas fotos de ontem podem ser vistas clicando aqui.
Então chegando aqui, sinto falta de amigos e estava agora a pouco percebendo o quão difícil é manter alguma relação por toda vida, porque mudamos o tempo todo e só muito raramente os caminhos se sobrepõem ou mesmo permanecem paralelos -o que já é o máximo-. Entretanto, me considero um felizardo porque tenho ao menos uma irmandade que não se perdeu, que é meu primo Tininho que vem a ser a minha mais remota ligação com minhas origens no sentido mais amplo. Somos muito parecidos e diferentes ao mesmo tempo e sempre que nos encontramos é como se tivéssemos almoçado juntos ontem e não são necessárias muitas palavras para a comunhão.
Crescemos juntos no mesmo quarteirão e nunca perdemos as afinidades, carinho, respeito admiração mútua, lealdade e tudo o mais que dá sentido e consistência a uma relação. Grande fotógrafo, um cara sensível e com uma imensa curiosidade pela vida, documentarista meticuloso, mateiro dos bons e amante do cerrado, ontem me farejou e passou aqui em casa (sim porque até hoje minha mãe mantém numa casa espaçosa os quartos de todos os (sete) filhos com guarda roupa e alguns pertences básicos como se todos ainda estivéssemos aqui- mas isso é um tópico para outra hora) e me pegou para irmos passar o dia na serra do caiapó procurar uma águia cinzenta para fotografar. E lá ficamos o dia todo fotografando e observando pássaros. Falo nisso porque quando chegamos na serra ele já tinha tudo no carro. Ninguém falou no assunto, mas eu sabia que ele já tinha pensado em tudo assim como eu também faria. E lá estavam: minhas comidas goianas favoritas, duas cadeiras confortáveis, binóculos, repelentes cerveja, sucos água etc... numa mini geladeira e até uma super telefone celular que funciona no meio do mato e ficamos ali há 100 kilômetros de tudo, debaixo dos pés de pequis e jatobás no aparado da serra fotografando a chuva os pássaros, a paisagem bucólica, os desenhos aleatórios e caprichosos que a natureza imprime na argila e espiando o catálogo de pássaros comparando, identificando, rindo enquanto ele explicava que ali, (700 metros de altitude) outrora fora o mar no período pré-cambriano sessenta milhões de anos atrás bla,bla,bla... Só nós dois o dia todo escarafunchando a serra, percebendo os cheiros do cerrado e conversando sobre tudo e nada e vez por outra rememorando a infância... avaliando o presente, e... por assim dizer degustando a vida e apostando pra que lado as “mangas” de chuva iam desabar... e porque não, praguejando contra o capitalismo que não deixou uma única peroba-rosa em pé tão comuns por ali anos atrás.
Enfim um dia feliz que fez lembrar Guimarães Rosa que dizia mais ou menos assim: "Qualquer felicidade, qualquer tipo de amor vale a pena, pois é uma pausa, um tiquinho de saúde, um descanso na loucura!"
Algumas fotos de ontem podem ser vistas clicando aqui.
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