A internet filtrada
NYT Roger Cohen
Uma moça que conheço vai se casar em outubro. Por essa razão, ela vem fazendo na web buscas relacionadas a casamento. De repente, toda vez que ela vai on-line, é bombardeada com anúncios de empresas que confeccionam vestidos de noiva, imprimem convites, montam tendas para eventos ao ar livre, fornecem comida para eventos, oferecem música, iluminação e assim por diante.
Sempre que eu vou para meu site favorito, nytimes.com, oferecem algo chamado "Recomendado a Você" -dez artigos que correspondem ao trabalho silencioso de traçar um perfil dos meus gostos que minhas buscas embutiram em algum algoritmo. Hoje, no topo da lista, encontro "Otto Von Hapsburg, candidato a monarca, morre aos 98", seguido por artigos sobre uma estátua de Reagan que será inaugurada em Londres, carros elétricos que suscitam pouco interesse na China e a crise financeira grega.
Reconheço que a seleção não é péssima, embora a dinastia dos Hapsburgos e os candidatos a monarcas nunca tenham feito parte dos meus interesses. Não me recordo da última vez em que pensei nos Hapsburgos.
A lista parece errática, um pouco como a tecnologia de reconhecimento de voz que às vezes funciona. Mas esse tipo de equívoco não é o que mais irrita. O que incomoda é a ideia de que algum algoritmo esteja dizendo o que devo ler.
Não quero ser direcionado. Deixe que eu mesmo viva minha vida! Mande apenas a "Lista de artigos mais enviados por e-mail", que reflete os assuntos que interessam à maioria -como cachorros, amor, comida, gatos, sexo, a Toscana e problemas conjugais, pelo que vejo.
Como tudo isso sugere, a internet, com o Google no centro dela, converteu-se no maior sistema que já existiu para traçar perfis de seres humanos ...(continua)
quinta-feira, 14 de julho de 2011
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