A única explicação para eleição do Milei, é o vício de origem da democracia que pressupõe que os partícipes são razoavelmente informados e compreendem minimamente a funcionalidade do sistema em que vivem.
Só que não
A extrema-direita sacou isso e vem apostando todas as fichas na desinformação como arma estratégica, porque percebeu que a maior parte das pessoas tem muita preguiça de se informar e baixíssima capacidade de escrutínio crítico sobre os conteúdos que acessa ou recebe.
Segundo o cientista político e professor de Estratégia, Economia, Ética e Políticas Públicas da McDonough School of Business da Universidade de Georgetown, Jason Brennan, a democracia não funciona mais adequadamente porque as pessoas passaram a construir suas opiniões na era da internet, baseadas em informações de baixa qualidade ou falsas.
Enquanto os progressistas batem cabeça para encontrar saídas, a direita não hesita e dissemina fake news e/ou artigos disfarçados de jornalismo sério, gratuito e ao mesmo tempo, trata de difamar o jornalismo profissional, instituições públicas e a política, como forma de solapar a democracia sub-repticiamente e instaurar o autoritarismo.
Milei, um desequilibrado que nunca administrou nem um carrinho de cachorro quente, diz que se aconselha com o espírito do seu cão de estimação falecido, enaltece a sangrenta ditadura argentina, é a favor da comercialização de orgãos, quer o fim da educação pública, da saúde pública, do Banco Central, da moeda nacional e que a Argentina rompa com o Mercosul.
Claro que nada disso é fácil de realizar (senão impossível) considerando que ele não tem maioria no Parlamento e na argentina não existe “centrão” para mercadejar apoios.
Enfim, a derrocada da democracia no mundo todo preocupa e não deixa de ser assustador o nível de alienação da realidade factual, a que os cidadãos se entregaram, na era pós-internet.
Embora abundem informações, tornou-se muito mais complexo e trabalhoso separar o joio do trigo e interpretar a realidade em separado do desejo e convicções religiosas e a extrema direita entendeu isso mais rápido do que os demais “players’ quando elegeu Trump e Bolsonaro.