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O Barão nas árvores é um livro sensacional e bem humorado que aborda inúmeras faces da aventura de viver, especialmente a solidão necessária, os entrechoques familiares, a efemeridade do amor romântico e a problemática das relações humanas, sobretudo quando a nova geração tenta posicionar-se com suas verdades e a contemporaneidade não é compreendida nos termos em que se propõe.
O livro é desenvolvido a partir de um núcleo comum, mas a narrativa multiplica-se partindo de elementos com múltiplos significados e temas que dependem um do outro e, a despeito do peso de cada um desses aspectos, este romance é de uma leveza e humor raros. A história apresenta o comportamento de uma família da Idade Média, ressaltando as dificuldades de comunicação oriundas de uma rígida disciplina, o que implica uma vigilância constante e que, sendo tradicional, obedece rigorosamente à hierarquia familiar, isto é, a parte da figura mais austera, a do pai; O Barão de Rondó. Então, o filho primogênito do Barão, Cosme, a certa altura rebela-se, e como é um ser humano dotado de extraordinária obstinação passa a viver sob as árvores de sua terra, a Penúmbria, e mais não posso dizer para não comprometer o prazer de quem desejar ler. Eu recomendo.
Todos nós primogênitos, somos um pouco cobaias e exigidos um pouco além, no processo de aprendizado dos pais em serem pais e nós em sermos filhos e esta singularidade nos aproxima e, ao menos comigo aconteceu grande identificação com -Cosme-, o personagem central, e quando virei a última página fiquei querendo que o livro não terminasse e que a viagem prosseguisse nas árvores da Penumbria...
“Que Cosme era louco, em Penumbria sempre se disse, desde quando, aos doze anos, subira nas árvores recusando-se a descer. [...] O Barão enlouqueceu!”, e os bem pensantes acrescentavam: “Como pôde enlouquecer alguém que sempre foi louco?” (pg.209).