Segundo agências de notícias russas, o país poderá ser o
primeiro a iniciar uma campanha de imunização da população. Ainda há poucas
informações divulgadas sobre a vacina e sua eficácia. O ministro da Saúde
russo, Mikhail Murashko, declarou que o Centro Nacional de Pesquisa para
Epidemiologia e Microbiologia Gamalei terminou os testes clínicos e está se preparando
para começar a campanha de vacinação em outubro.
Organizações científicas internacionais criticam a
rapidez com que a Rússia está anunciando resultados. Há o temor de que
influências políticas estejam sendo colocadas à frente da saúde da população,
ponderou o jornal norte-americano "The New York Times". Na Rússia, a
notícia foi anunciada como vitória política. O chefe do Fundo Russo de
Investimento Direto, Kirill Dmitriev, associou o desenvolvimento da vacina, que
usa adenovírus como base, ao lançamento do Sputinik 1 pela União Soviética, que
foi o primeiro satélite a ser colocado em órbita, em 1957, e surpreendeu o
mundo que subestimava as capacidades dos russos e esse acontecimento da ciência russa, além de marco histórico, iniciou a corrida
espacial.
Para os críticos da vacina é bom lembrar
as palavras de um russólogo citado por Fernando Morais: “A Rússia herdou da
União Soviética o maior centro de pesquisas de guerra biológica do mundo, o
Instituto Vector. Eles temiam ataques biológicos desde os anos 1920, ao final
da Revolução, e começaram a pesquisar antídotos. No tempo da Guerra Fria isso
cresceu, perdeu um pouco a importância depois do fim da URSS, mas a Rússia não
descartou suas pesquisas e cepas biológicas. Eles têm culturas preservadas até
de doenças erradicadas. Ao chegar ao poder, Putin voltou a investir no centro
de pesquisas Vector, que hoje é o maior do mundo. Se há um lugar capaz de
descobrir uma vacina rapidamente, é lá, pois esta é a função dos cientistas
especializados que trabalham no Instituto Vector. Como se trata de uma
instalação militar, dificilmente irão divulgar dados da pesquisa, mas pela
experiência deles, jogo minhas fichas lá.”