Fazia tempo que não precisava trajar um terno e hoje às 8:00hs eu estava na Av. Faria Lima tomando café, paramentado como nos anos 80 quando trabalhava no London Multiplic Bank. Fiquei deslocado no tempo e lugar. Achei a avenida meio morta e em nada me lembrava a vibração daquela época. Senti o peso da nostalgia enquanto matava um pingado observando o balançar dos muitos quadris que desfilavam pela calçada
Depois, ainda a trabalho, fiz um périplo pelo Jardim Europa, Moema, Vila Nova Conceição e voltei pra casa com a sensação de que a pandemia sugou o elã da cidade.
Voltei para o meu centro velho de guerra, me troquei e pensei em aproveitar o restante do dia para conhecer três novos lugares perto de casa que inauguraram com a maior falação em várias mídias:
“Térreo Café” num prédio novo no Largo do Arouche onde há uma placa esclarecendo que no local em 1893 ficava a “Cocheira Anglo Francesa” que foi a primeira Hospedaria e Clínica Veterinária da cidade especializada em Cavalos. Não vi nada demais no lugar e estava vazio e xoxo.
“Box 7 Pescados e Frutos do Mar” na avenida Amaral Gurgel - Lugar bacana fui atendido pelo próprio dono com camiseta do Black Sabbath e muito atencioso, respondendo à minha pergunta se ele não achava que ali era o último lugar do mundo para aquele comercio, rindo explicou-me que era exatamente este o motivo e se eu não tivesse acabado de matar um mega PF de costela, teria levado uma lula fresquinha por preço honesto. Achei demais o lugar e voltarei lá.
“Livraria Gato sem Rabo”. Também na Av. Amaral Gurgel, ganhou quase um caderno inteiro da Folha bla, bla, bla..., mas é só mais uma livraria dessas sem livros que está na moda. Minha amiga livreira Jú, me explicou por ocasião da minha surpresa com outra livraria badalada (Copan) dessas sem livros, que aquele modelo (de negócios) de livraria com centenas de milhares de livros acabou e que agora é mais assim mesmo, um lugar com alguns livros mais vendáveis com acabamento luxuoso, brochura e tal... um café e um sofá retrô. Enfim um lugar para ir ver, ser visto e falar groselha sobre algum livro tipo “Milagre da manhã” ou “Mulheres que correm com os lobos” etc. Não tenho nada contra esses títulos inclusive. Só não entendo porque esses lugares devam se chamar livrarias.
"Brechó Colmeia" (onde era o Cinearte Arouche A ou B), é um lugar incrível para garimpar objetos de arte, decoração, roupas, livros, discos e tudo o mais que a gente nem imagina. Vi um quadro com um garfo de prata com fisga que não entendi a função por uma pequena fortuna, uns flamingos gigantes de algum material tipo resina por uma fábula, deviam ser decorativos de algum jardim daquelas mansões dos barões do café em Campos Elísios, um jogo de jantar que parecia ter uns 200 anos por 5 mil reais e umas pessoas bem interessantes. Acabei comprando uma jaqueta legal e quase fiquei amigo íntimo da vendedora.
Enfim ando esses dias talvez, numa espécie de canto do cisne ou algo do gênero, na cidade que mais gostei e ainda gosto, mas sinto que está chegando a hora de respirar novos ares. Já fui embora tantas vezes dessa cidade que é a única que presta no Brasil -entre as que conheço-, e sempre volto. Vá entender!