sexta-feira, 2 de maio de 2008

Estrangeiro

Após um ano e meio ja não penso tanto sobre os USA e sobre a vida que deixei para trás. As vezes ainda acordo no meio da noite e a noção espacial -em meio à escuridão- que me vem à mente; a disposição dos móveis, a porta...etc, por um lapso, ainda é a do meu antigo quarto. Tarefas simples como lavar roupa e outras tão tipicamente diferentes também me traem, rs!
Até hoje atiro papeis no vazo do banheiro para a felicidade dos encanadores... Entretando a marca indelével foi o apreço pela solidão. É o vício sem recuperação.
Nunca pensei que voltar para meu país fosse ser tão conflitivo e dolorido. Não me sinto brasileiro, americano, goiano, londrino ou senegalês. Simplesmente não me sinto de nenhum lugar na maior parte do tempo. Penso que talvez seja sempre assim quando deixamos uma vida pra trás e retornamos para uma que não existe mais. Dizia Epicuro (se não me engano) que "...o rio que está alí é um rio mas não é o mesmo de ontem ou de 100 anos passados, apesar de ainda ser o rio..." O sentimento do regresso é de perda total que, com o tempo vai se amainando. Sou um estrangeiro sempre. Somente a construção de um novo edifício social ocupará o vazio, mas como é penosa essa tarefa onde tenho acumulado fracassos, mais por preguiça social do que qualquer outra coisa.
A única coisa que sobrou -de antes-, é relativa, a famosa frase de Gilberto Freire que diz: "O estômago é o ultimo orgão que se desnacionaliza". Então, ainda gosto de comer prato feito e tenho nostalgia de muitas pessoas e dessas paisagens:

"Cães de Guarda - Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988"

Beatriz Kushnir escreveu um livro "incômodo" para a mídia brasileira. É "Cães de Guarda - Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988", que conta histórias interessantes sobre os bastidores de jornais e emissoras de televisão durante o regime militar. Fala do funcionário que Victor Civita despachou para "treinar" censores em Brasília. Fala dos censores que foram trabalhar dentro da TV Globo. Fala dos policiais que se tornaram "jornalistas" e dos jornalistas que fizeram papel de policiais. Fala dos bastidores da "Folha da Tarde", o jornal do grupo Folha que prestou serviços à repressão. Está explicado, portanto, o motivo pelo qual esse livro quase não foi resenhado. Beatriz hoje é diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que tem um dos maiores acervos da imprensa alternativa que floresceu durante o regime militar.
Para ler e ouvir a ótima entrevista com a autora do livro, clique aquí
Fonte: vi o mundo

Insônia e Bertrand Russell

Dia desses em que estava sem sono, levantei da cama e fui procurar alguma coisa para ler até o sono dar as caras, quando encontrei um ensaio -resumido- de Bertrand Russell, que dispensa elogios e é sempre bem humorado. É um dos poucos autores que vale a pena ser relido toda a vida. Clique aqui para ler o divertido ensaio "Porque não sou cristão."

Guitarra do Brasil

Grande guitarrista brasileiro reconhecido mais no exterior do que na pátria, Toninho Horta é um mago! Clique no player abaixo para ouvir a bucólica, "Pilar." Uma dessas músicas para todo sempre.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Caso Veja

O caso mais escabroso de mídia nos ultimos anos está sendo desnudado pelo grande jornalista Luis Nassif que vem desmascarando pormenorizadamente, a revista que faz a cabeça da classe média tida e havida como "informada." Clique aqui para acompanhar.

...O quibebe !

Cheguei estropiado mas inteiro. Depois de uma viagem infernal porque nessas épocas chuvosas as estradas só existem no estado de São Paulo.

Então quando cheguei na casa de meus pais, não tinha ninguém em casa pois, o povo estava viajando mas encontrei a escrava (empregada doméstica) no batente. Fui direto para pra cama e quando acordei a escrava me disse: "Seu Ricardo o almoço está pronto. Fiz o que tinha aí então o senhor vai descurpando... se não estiver do agrado..." massss, quando cheguei na mesa tinha uma panela de aluminio batido cheinha de arroz soltinho feito na banha e alho. Na outra panela estava um quibebe fumegante (Oh, meu Deus !). Destampei a outra era feijão roxinho com carne de sol e acompanhando, salada de cenoura crua e banana da terra frita. Ah, e uma jarra gigante de suco de acerola daquí do quintal... Oh ! Ela nem sabia que quibebe é um dos meus pratos favoritos... Olha vou dizer, essa "escrava atual" cozinha demaisssssss. Comí 4 vezes... Haja Sibutramina !? he,he,he ! !

Não sei se alguem conhece quibebe. Bom aquí (em Goiás), como prato típico o quibebe é muito conhecido e muito apreciado. RELEMBRANDO ou esclarecendo: Ele é feito com todo tipo de carne: linguiça, lombo de porco, costelinha de porco, costela de vaca, carne de vaca tipo acém,músculo, carne de sol ou outra da sua preferência mas,todas na mesma receita. Não pode faltar, é claro, é a mandioca que é a base mas, tem que ser fresca. Você, descasca e corta em pedaços médios não muito grandes ou tão pequenos e faz assim:(numa panela de pressão gigante de preferência)Primeiro vc corta as carnes escolhidas em pedaços médios, tempera a gosto e frita-se em mais ou menos duas xícaras de óleo (depois vc retira o excesso), quando estiver frita, acrescenta uma cebola e um tomate grandes bem picadinhos, ah, antes vc põe uma colherinha de açafrão pra fritar no que restou do óleo, junto com a carne, assim fica mais saboroso e o sabor do açafrão não fica tão acentuado. (lembre-se, sem açafrão, não tem quibebe)Bem, voltando à cebola, refoga-se junto com a carne e o açafrão e junta então a mandioca picadinha em pedaços médios, deixa uns 5 minutos ali só pra pegar uma côrzinha, põe 2 cubos de caldo de carne ou de galinha, pimenta do reino, pimenta de cheiro, pimenta bode ou malagueta,alho,azeite... Mexe tudo muito bem e cobre com água fria. (Tem quem coloque uma colher de extrato de tomate,mas eu não aprovo pois interfere na côr e fica parecendo " vaca atolada." ) Bom daí, pôe uma pitada de açúcar pra evitar acidez e facilitar a digestão e tampa-se a panela de pressão e deixa cozinhar por uns 20 minutos, tendo o cuidado de ficar sentindo o cheirinho, por que de repente a mandioca pode precisar de mais água, pois cada uma é de um jeito. Mas tudo bem! Vc vai saber se está bom quando a mandioca estiver bem macia quase desmanchando e o caldo estiver bem grosso e cremoso, pois pode acrescentar mais água se for preciso. Terminado de cozinhar, acrescente bastante cebolinha,salsa ou coentro, cebola bem picadinha, mas só depois de desligado, tá!?, fica mais saboroso.
...e foi assim que provei a inutilidade da sibutramina.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Eleições Americanas

Quando vivia nos USA, eu pensava que a Hillary Clinton fosse uma boa alternativa considerando o restrito espectro político americano que se apresentava e principalmente por ser mulher. Sempre penso que está faltando o olhar feminino na governança do mundo. Passados quase dois anos a ex-primeira dama não resistiu ao embate e "bushisou" na tentativa de colher os frutos passados dos neocons. Mas o pior é que ela ao longo da campanha foi se "masculinizando" e decepcionado, começei a prestar atenção no Senador Obama que eu desconhecia até alguns anos atrás. Pesquisando aqui e alí fui procurar saber porque ele seduziu e trouxe de volta a juventude americana para a política. Dentre todos os escritos, me chamou atenção em especial um artigo no site biscoito fino. Aparentemente o obama parece representar uma novidade mesmo e seria uma pena ele não se eleger.
Por uma dessas ironias da vida, vem a ser justamente o candidato republicano John McCain, aquele que se interessa abertamente pela questão dos ilegais e históricamente sempre os republicanos tem sido menos protecionistas que os democratas em relação ao Brasil. Ainda assim não há como não torcer pelo Obama face ao obscurantismo que a era Bush patrocinou mundo afora.

O início

De tanto minha amiga de mais de 20 anos Indra me dizer pra abrir um blog, hoje acabei decidindo. Acontece que na prática já tinha adquirido o hábito de disparar email pra todo lado compartilhando -de um certo modo-, "compulsoriamente", pensamentos, sensações, preferências musicais, literárias, cinéfilas e principalmente idéias/perorações (risos!) sobre os mais variados temas como se estivesse permanentemente com o cotovelo no balcão do boteco (risos!).
Falar sobre política, ciência e o sentido da vida são grandes paixões recônditas. Por outro lado, sempre argumentei que era besteira abrir um blog porque ninguem iria ler... porque existem bilhões de blogs sem leitores etc e etc... Acontece porém que de tanto ela insistir nessa idéia, acabei compreendendo que o email é muitas vezes, intrusivo enquanto que o blog é mais suave, sutil... quase como a diferença ente sexy e sensual e que por isso mesmo cativa apenas quem "deseja". Hummmmm !?
Amigos são aqueles que tem paciência de esperar o tempo do outros!? Ufa, e como demorei a entender esse aspecto invasivo do email. Isso só foi possivel quando alguém declarou ter sido ofendido em seus sentimentos religiosos devido a uma matéria da France Press que reproduzí num email certa vez.
Então, estou estreando esse blog tentando entender como funcionam todas essas ferramentas e possibilidades midiáticas e ver como será. Claro que isso poderá ser muito bacana apenas se outros contribuirem como já acontecia com as respostas dos emails. Esse será sem dúvida nenhuma, o ponto G.
Desejo que seja um lugar onde se possa encontrar sugestões de leituras, documentários, cinema e interpretações variadas da realidade a partir de diferentes pontos de vista, etc.
Imagino que as pessoas vão continuar escrevendo como antes e eu vou publicando aquí e vamos conversando só que agora no modo multilateral. Será? É pagar pra ver. Se não for assim, será pelo menos, um blog terapêutico. Sim, porque escrever é uma grande terapia. Ah, o transcendental poder da palavra... Sim, porque até que a palavra tenha sido proferida ou escrita, parece que a realidade ainda “não existe” ou não é palpável. É a verbalização que dá forma e vida às coisas e eu amo as palavras por essa magia e infinita capacidade, de dar materialidade ao mundo abstrato e descrever de múltiplas formas a concretude. São com as palavras que o mundo é construído e a realidade adquire uma forma “concretamente” compreendida por todos.
Não sei o que seria de mim não fossem as palavras para brincar, erigir mundos e sonhar com universos imaginários e/ou possivéis. Assim como muitos se refugiam na religião eu encontro nas palavras o conforto para as angústias decorrentes de estar vivo e ser finito. Com as palavras a gente pode ir entrelaçando umas nas outras e tricotando o tecido da vida com o qual nos cobrimos do frio da realidade ou construímos asas para voar arrebentando os limites da contingência e finitude.
Com as palavras podemos enternecer, cortar, denunciar, acariciar, edificar, fazer ruir... Talvez até desejar a eternidade e desdenhar da morte. Com o riso e a palavra a postos..., vamos lá!
Ricardo Reis
29/04/2008