terça-feira, 29 de abril de 2008

O início

De tanto minha amiga de mais de 20 anos Indra me dizer pra abrir um blog, hoje acabei decidindo. Acontece que na prática já tinha adquirido o hábito de disparar email pra todo lado compartilhando -de um certo modo-, "compulsoriamente", pensamentos, sensações, preferências musicais, literárias, cinéfilas e principalmente idéias/perorações (risos!) sobre os mais variados temas como se estivesse permanentemente com o cotovelo no balcão do boteco (risos!).
Falar sobre política, ciência e o sentido da vida são grandes paixões recônditas. Por outro lado, sempre argumentei que era besteira abrir um blog porque ninguem iria ler... porque existem bilhões de blogs sem leitores etc e etc... Acontece porém que de tanto ela insistir nessa idéia, acabei compreendendo que o email é muitas vezes, intrusivo enquanto que o blog é mais suave, sutil... quase como a diferença ente sexy e sensual e que por isso mesmo cativa apenas quem "deseja". Hummmmm !?
Amigos são aqueles que tem paciência de esperar o tempo do outros!? Ufa, e como demorei a entender esse aspecto invasivo do email. Isso só foi possivel quando alguém declarou ter sido ofendido em seus sentimentos religiosos devido a uma matéria da France Press que reproduzí num email certa vez.
Então, estou estreando esse blog tentando entender como funcionam todas essas ferramentas e possibilidades midiáticas e ver como será. Claro que isso poderá ser muito bacana apenas se outros contribuirem como já acontecia com as respostas dos emails. Esse será sem dúvida nenhuma, o ponto G.
Desejo que seja um lugar onde se possa encontrar sugestões de leituras, documentários, cinema e interpretações variadas da realidade a partir de diferentes pontos de vista, etc.
Imagino que as pessoas vão continuar escrevendo como antes e eu vou publicando aquí e vamos conversando só que agora no modo multilateral. Será? É pagar pra ver. Se não for assim, será pelo menos, um blog terapêutico. Sim, porque escrever é uma grande terapia. Ah, o transcendental poder da palavra... Sim, porque até que a palavra tenha sido proferida ou escrita, parece que a realidade ainda “não existe” ou não é palpável. É a verbalização que dá forma e vida às coisas e eu amo as palavras por essa magia e infinita capacidade, de dar materialidade ao mundo abstrato e descrever de múltiplas formas a concretude. São com as palavras que o mundo é construído e a realidade adquire uma forma “concretamente” compreendida por todos.
Não sei o que seria de mim não fossem as palavras para brincar, erigir mundos e sonhar com universos imaginários e/ou possivéis. Assim como muitos se refugiam na religião eu encontro nas palavras o conforto para as angústias decorrentes de estar vivo e ser finito. Com as palavras a gente pode ir entrelaçando umas nas outras e tricotando o tecido da vida com o qual nos cobrimos do frio da realidade ou construímos asas para voar arrebentando os limites da contingência e finitude.
Com as palavras podemos enternecer, cortar, denunciar, acariciar, edificar, fazer ruir... Talvez até desejar a eternidade e desdenhar da morte. Com o riso e a palavra a postos..., vamos lá!
Ricardo Reis
29/04/2008

2 comentários:

Indra disse...

Não sei se o outro post chegou, mas escrevo de novo. Bemvindo ao mundo das letras. É bom deixar as nossas letras no espaço virtual da eternidade, não?

Miboffo disse...

Congratulations Ri!
Inspiração total nesse seu primeiro tricô sobre as palavras!
É sempre bom compartilhar das suas.
beijo