sexta-feira, 2 de maio de 2008

Estrangeiro

Após um ano e meio ja não penso tanto sobre os USA e sobre a vida que deixei para trás. As vezes ainda acordo no meio da noite e a noção espacial -em meio à escuridão- que me vem à mente; a disposição dos móveis, a porta...etc, por um lapso, ainda é a do meu antigo quarto. Tarefas simples como lavar roupa e outras tão tipicamente diferentes também me traem, rs!
Até hoje atiro papeis no vazo do banheiro para a felicidade dos encanadores... Entretando a marca indelével foi o apreço pela solidão. É o vício sem recuperação.
Nunca pensei que voltar para meu país fosse ser tão conflitivo e dolorido. Não me sinto brasileiro, americano, goiano, londrino ou senegalês. Simplesmente não me sinto de nenhum lugar na maior parte do tempo. Penso que talvez seja sempre assim quando deixamos uma vida pra trás e retornamos para uma que não existe mais. Dizia Epicuro (se não me engano) que "...o rio que está alí é um rio mas não é o mesmo de ontem ou de 100 anos passados, apesar de ainda ser o rio..." O sentimento do regresso é de perda total que, com o tempo vai se amainando. Sou um estrangeiro sempre. Somente a construção de um novo edifício social ocupará o vazio, mas como é penosa essa tarefa onde tenho acumulado fracassos, mais por preguiça social do que qualquer outra coisa.
A única coisa que sobrou -de antes-, é relativa, a famosa frase de Gilberto Freire que diz: "O estômago é o ultimo orgão que se desnacionaliza". Então, ainda gosto de comer prato feito e tenho nostalgia de muitas pessoas e dessas paisagens:

8 comentários:

Indra disse...

Puxa, como é bom matar saudade do Miró! Realmente, é maravilhoso esse negócio de blog, não é? Ri, o video carregou bem, qualidade ótima.

Anônimo disse...

Hahaha Gostei muito da "materia"!!! Acho que quando retornar pro Brasil tambem sentirei este vazio de estar num lugar mas nao fazer parte dele. Mas como meu amigo Ricardo diz: - Quando se chega no aeroporto internacional de sao paulo, a primeira coisa a fazer e desligar os boteos "EUA" e ligar os boteos "brasileiros" senao o cara pira!!!
Aqui em San Francisco,morei 2 anos num a apartamento na beira da praia (por falar em praia...quando eu era crianca pequena la em barbacena...ouvia alguem dizer: - Arruma a mochila que vamos pra praia! Bom nesse momento de felicidade eu pegava minha mochila colocava um par de cuecas, de meias, meu chinelo, um par de bermudas e era isso! Opa! esqueci as camisas? Que nada, estou indo pra praia tche! Temperatura agradavel, tanto do ar como da agua)!!
Bom em San Francisco tem beach, assim chamarei aquele lugar porque praia me lembra um lugar quente tomando caipirinha na areia. Entao na beach, se voce for de calcao e camisa...uhm... ou voce morre ou...voce morre! Da pra usar ate a jaqueta que usei uma vez so quando fui tentar esquiar nas montanhas da california! E frio pra caralho! e eu nem estou falando da temperatura da agua, cuja a corrente vem do Alaska.
Bom o verao ta chegando uhmmm vou curtir uma praia de verdade!!! Errou!!! Quando o verao chega em SF, com ele vem o FOG, densa neblima super gelada que cobre todo o bairro da beach (ah! principalmente, como dizia o Ricardo, na rua Judah). Entao enquanto o resto da california esta literalmente em chamas, a gente aqui na beach, continua a usar o casaco de neve!!!
Bom isso foi so um exemplo que usei pra dizer que por mais fora da casinha que eu possa me sentir quando retornar ao Brasil, eu sempre sentirei na pele o calor de uma legitima praia!! oh beleza.
Nao vou esquecer de desligar os "EUA" e de ligar os "brasileiros"!!!!
Anderson Souza

Anônimo disse...

Ri, por tantas vezes me senti assim,mas assim como você com o tempo tudo foi se apagando do pensamento. O que não apaga são estas imagens de São Francisco, and I still dream of going back there one day,hope I can. I love to be alone too.
Well, anyway, love your blog, keep on writting. Miss you. Juliana

Anônimo disse...

Indra disse...

Bemvindo ao clube dos expats! Eu tb não me sinto panamenha, nem brasileira. Sou estrangeira onde quer que eu vá. O que mais eu sinto saudades? Dos produtos que podia comprar sem ser "chique", dos absorventes femininos, do meu apê no Panamá, lindo maravilhoso pertinho de um parque, vista para o mar e das viagens para a praia, os campings com os amigos, as festinhas e os happy hours sofisticados com os amigos sofisticados! hahahahha
Indra

Unknown disse...

Oiiiii!!
Adorei sua ideia de um blog.

Nao que frenquentava algum antes e por isso vai ser dificil divider com vc meus favoritos. Rs!

"Estrangeiro" Sei muito bem o que passas o choque cultural com a minha primeira vizita ao Braza ainda deixa lembrancas.
Me senti tambem que nao pertencia a mais lugar nenhum, raca, pais, cultura. Pra falar a verdade hoje me indentifico mais aqui do que com meu pais de originalidade, nao que tentei pra me sentir melhor,mais pelo fato de qndo vc deixa seu patriotismo e tenta aviliar os coisas pelo o que sao ou o que pode ser, ou qndo se a deixa tradicao pelo novo e mais facil enterder os outsiders de qualquer parte do mundo.
Hoje sou feliz de dizer que nao pertenco a lugar nunhum.

"Sou uma passageira…
Embarco e desembarco sem
realmente saber qual é o instante
que realmente sou eu mesma…
Sou sonho…
A matéria é empréstimo e perece,
o sonho é eterno e permanece…
Decidi fazer do que é real, uma
ilusão e, da minha ilusão a minha mais
verdadeira realidade…
Seria como tingir a água de azul,
Por instantes desejar que minhas mãos
sejam flores e poder sentir o beijo
do beija-flor…
Já que conheço o ruido de um tiro,
me nego a aceitá-lo, prefiro ouvir
o que converam as árvores…
Outro dia diziam elas, que as estrelas
são as flores que bordam o céu…
Imaginação, loucura, ilusão…
Prefiro assim…"

Saudades Ri, espero ve-lo em breve para que juntos podemos matar as nossas saudades de um estomago Brasileiro! RS!!!! :)
Much Love!!
Roberta.

Ricardo Reis disse...

Pois é, tenho muitas saudades daí as vezes. Vamos ver se no fim do ano dou uma esticada aí.
Adorei esse poema e sua visita.
Saudades
Bjs.

Gessé A. Rios disse...

Vc disse tudo. Creio que é um sentimento comum a todos que viverem ou vivem a experiência de deixar seu chão e sua cultura para viver entre outros povos. Nossos filhos parece sofrerem mais que nós sempre que voltamos ao Brasil. Nós sofremos duplamente, quando estamos loge e quando estamos perto. Interessante, temos a sensaçao de pertencar e de não pertencer (ao mesmo tempo) tanto quanto estamos lá quanto quando estamos aqui.
Gde abs.

Ricardo Reis disse...

Oi Gessé, que bom que passou por aquí. Seja bem vindo sempre. Obrigado!