sábado, 8 de novembro de 2008

O Goleiro Albert Camus

Por Roberto Vieira

Há 95 anos nascia Albert Camus.
E o que o futebol tem a ver com isso?
Tudo.
Nunca houve um escritor como Albert Camus.
Porque nunca houve um Nobel de literatura com um passado de goleiro. (Embora o ex-goleiro vascaíno Valdir Appel bata um bolão com as palavras)
O menino pobre, de infância difícil nas ruas de Argel, encontrou no futebol alegria.
Até que a tuberculose encerrou seus sonhos de boleiro aos 17 anos.
Quando o mundo assistia a primeira Copa no Uruguai.
Afastado do gol do Racing de Argel, Camus refugiou-se nos livros.
Nas palavras. Na dramaturgia.
E, durante um bom tempo, na política.
Um goleiro é uma criatura estranha no campo de futebol.
Único jogador que pode agarrar a bola com as mãos.
Um estrangeiro.
Pois assim era Camus na Argélia. Um francês nascido na África.
Um 'pied noir'.
Um 'homem de fronteira', na definição de Mário Vargas Llosa.
Com as mesmas contradições de um Zinedine Zidane.
Zidane que é um argelino nascido na França.
Ao visitar o Brasil no final dos anos 40, Camus admirou-se com as casas caiadas e telhados vermelhos do bairro de São José em Recife.
Observou o contraste entre a floresta continental e o concreto de São Paulo.
Mas, velho apaixonado, seu primeiro pedido foi assistir um jogo de futebol.
Fascinado pelo amor do povo pelas quatro linhas do gramado.
Amor que ainda carregava em seu coração.
Anos depois, um jornalista perguntou irônico a Camus sobre a importancia do futebol em sua vida.
Futebol considerado mera curiosidade na biografia do escritor.
Albert Camus respondeu. Subitamente sério. Saudade no olhar:
"O que eu sei sobre a moral e as obrigações de um homem devo ao tempo em que joguei futebol..."
Há 95 anos nascia Albert Camus.
E o que o futebol tem a ver com isso?
Tudo.

Consultor de Obama fala sobre o caos no trânsito de São Paulo

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pré-sal tem no mínimo 50 bilhões de barris de petróleo e gás

A Agência Nacional de Petróleo divulgou que as reservas dos blocos já leiloados na área do pré-sal tem no mínimo 50 bilhões de barris de petróleo e gás, podendo chegar a 80 bilhões.
O diretor geral da ANP, Haroldo Lima, disse no Rio que a agência fez o cálculo baseado na exploração do campo de Marlin, localizado na Bacia de Campos. De acordo com Lima, foram mapeados 500 possíveis campos no pré-sal.
O diretor informou ainda que foram leiloados 42% dos blocos incluídos na área da camada pré-sal. Somada a área restante, Lima disse que as reservas podem ultrapassar os 100 bilhões de barris.
Para o diretor geral da ANP, a confirmação das novas reservas do pré-sal pode significar o mapa do petróleo no mundo.
Haroldo Lima não fez estimativas precisas sobre os investimentos necessários, citando apenas perspectivas do mercado que apontam para uma necessidade de aplicar US$ 400 bilhões nos próximos dez anos. O diretor minimizou ainda um possível prejuízo na exploração do pré-sal diante das quedas do preço do petróleo.
Com informações da Agência Estado

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Que país e esse !?

Clique na imagem para ampliar
Alguém ja ouviu falar de alguma investigação policial que tenha desaguado na libertação do acusado, pelo STF em julgamento (a jato) de habeas corpus em menos de 24 horas e com posterior orquestrada campanha de perseguição, descrédito e execração pública dos policiais e juizes??? Pois é o que acontece quando o(s) acusado(s) é (são) poderoso(s), conforme noticiado na Folha de São Paulo de hoje.
A pergunta essencial é: Como seria -a justiça- se fosse com você ou um cidadão comum, um anônimo, pobre etc ? Para saber a resposta clique aqui.


FSP:"PF faz busca e apreensão nas casas de Protógenes; Procuradoria se opôs
A Polícia Federal cumpriu ontem mandados judiciais de busca e apreensão no apartamento do delegado Protógenes Queiroz, alugado em Brasília, no quarto de hotel que costuma ocupar em São Paulo e no apartamento de seu filho, no Rio, informa nesta quinta-feira reportagem publicada pela Folha. Segundo a reportagem, as buscas também tiveram como alvo casas de outros policiais federais que atuaram na Operação Satiagraha. Em julho, a operação levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas e outros executivos do banco Opportunity, além do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Os policiais levaram um notebook, o telefone celular e um rádio usados por Protógenes, e o quarto do hotel foi revirado pelos policiais, que disseram buscar evidências de vazamento da Satiagraha. Em nota oficial divulgada ontem, a PF afirma que cumpriu "em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de São Paulo no interesse das investigações sobre o vazamento de dados sigilosos da Operação Satiagraha".Segundo a PF, a investigação sobre vazamentos é presidida "por autoridades da corregedoria geral" da PF, ligada à direção geral do órgão, em Brasília.

Procuradoria

Outra reportagem publicada hoje pela Folha (a íntegra está disponível apenas para assinantes do jornal ) informa que o Ministério Público Federal de São Paulo discordou da Polícia Federal e refutou todos os pedidos de busca e apreensão contra agentes federais que atuaram na Satiagraha. Segundo a reportagem, para tentar encontrar indícios de eventual vazamento, a PF pediu ao juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal, a busca e apreensão em diferentes endereços do delegado Protógenes, que encabeçou a operação até ser afastado pela chefia da PF, e de policiais ligados a ele. O procurador da República Roberto Dassié se manifestou de forma contrária aos pedidos da PF --além do vazamento de informações, o procurador investiga o motivo que levou a cúpula da PF a afastar Protógenes".

O grampo que não grampeou


Segundo o Jornalista
Luiz nassif, "Hoje completa 90 dias do aparecimento de uma provável fraude, talvez a maior já produzida pela moderna imprensa brasileira: o suposto grampo que Veja garante ter sido feito pela ABIN em uma conversa entre um Ministro do Supremo e um Senador da República.

90 dias depois, nenhuma das acusações da revista se confirmou. Nem que foi a ABIN, nem ao menos que a ABIN possuía maletas que permitissem grampo - aliás, a revista foi tão inconsequente que nem contava que a ABIN não dispunha de uma ferramenta óbvia para uma agência de inteligência.

Nesses 90 dias, a nação testemunhou a encenação escancarada de uma farsa, da qual participaram deputados, senadores, autoridades federais, autoridades do Judiciário e a mídia. A revista falava em uma verdadeira indústria de grampos, mencionava dezenas de pessoas supostamente grampeadas. Não conseguiu comprovar nem ao menos que o grampo mencionado na reportagem era real.

Futuramente, a história do jornalismo considerará esse episódio como sendo da mesma dimensão das Cartas Brandi e do Plano Cohen.

Por Jorge Furtado

Uma obra prima este trecho do depoimento do ministro Nelson Jobim à CPI dos Grampos, um perfeito exemplar de falácia argumentativa. Cada República tem o Platão que merece.

O SR. NELSON JOBIM – Veja, deputado, há um dado importante: tanto o Ministro Gilmar Mendes quanto o senador Demóstenes confirmam o diálogo.

O DEPUTADO LAERTE BESSA – Confirmam.

O SR. NELSON JOBIM – Logo, o diálogo houve. Se o diálogo houve, e confirmado pelos próprios integrantes, houve a gravação. E, se houve a gravação, a gravação foi ilícita.

O DEPUTADO LAERTE BESSA – Foi ilícita.

O SR. NELSON JOBIM – Então, não há que se discutir mais ter havido isso
.

Não é uma maravilha? Não há que se discutir.

É tudo falso, claro. Eles podem estar mentindo. Um deles. Ou os dois. Se mentiam, um dos mentirosos pode ter anotado a conversa enquanto falava. É possível que não haja gravação nenhum, portanto. Se um dos mentirosos - se mentiram - estivesse gravando sua própria conversa, a gravação não é ilícita, qualquer um pode gravar suas próprias conversas telefônicas e nem precisa dizer ao interlocutor que está fazendo isso. É uma sacanagem, talvez, mas não é crime. Pode não haver, portanto, ilicitude alguma na gravação, se é que houve a gravação. E se houve a gravação (que não se ouve), quem gravou? Quem perdeu com o episódio? E quem ganhou?

Notas taquigráficas completas do depoimento de Nelson Jobim em: clique aqui.

blog do Nassif

David Brooks no New york Times de 04/11/2008


Encontro com a escassez


Geração que chega ao poder enfrentará um problema para o qual não está preparada

DAVID BROOKS

Este dia representa o fim de uma era. Economicamente, marca o final do longo boom iniciado em 1983. Politicamente, provavelmente marca o final do domínio conservador iniciado em 1980. Geracionalmente, marca o final da supremacia da geração baby boom, iniciada em 1968. Nos últimos 16 anos, membros da geração baby boom (os norte-americanos nascidos entre 1946 e 1960) ocuparam a Casa Branca.
Quando os historiadores analisarem a era que está se encerrando agora, verão um período de realizações privadas e de decepção pública.
Nas duas últimas décadas, os EUA se tornaram um lugar muito mais interessante. Empresas como Starbucks, Apple, Crate & Barrel, Microsoft e muitas outras iluminaram as vidas cotidianas. Cidadãos privados, sobretudo os jovens, repararam os danos no tecido social, se dedicaram ao serviço comunitário e promoveram uma redução no número de viciados em drogas e de gestações na adolescência.
Mas, ao mesmo tempo, a esfera pública não floresceu.
A despeito de décadas de prosperidade, questões já antigas como a saúde, a educação, a política energética e os benefícios sociais não foram conduzidas devidamente. A geração baby boom, que iniciou sua vida adulta prometendo ativismo permanente, provou ser uma geração sem distinção política alguma.
Produziu dois presidentes, nenhum dos quais confirmou o potencial que parecia apresentar. E seus integrantes se mantiveram aferrados à guerra cultural que consome a geração deles. Estão transmitindo o manto da supremacia política depois de desperdiçar uma série de oportunidades.
A frustração parece vir crescendo mês a mês. Os americanos estão ansiosos sobre suas vidas privadas, e seus líderes lhes são absolutamente repulsivos. Por isso, mudança é necessária.
Os republicanos escolheram como candidato um velho guerreiro cujo histórico envolve tomar decisões difíceis e absorver as conseqüências adversas que elas podem causar. Muitos de nós o consideram como um dos heróis de nossa era. Mas a demanda do público por mudança é total.
Barack Obama é uma criança dos anos 60. Para as pessoas da geração de Obama, os grandes tumultos do país já haviam passado quando eles chegaram à idade adulta. A geração deles tem por ordem a consolidação e um novo tradicionalismo -uma geração adepta de filtro solar e de capacetes para andar de bicicleta, e cuja principal preocupação é criar bem os filhos.
Obama é membro não só dessa geração ponderada como de seu segmento mais educado. Seu grupo social, formado por pessoas prósperas nascidas depois do baby boom, o vem apoiando com fervor inabalável. A classe privilegiada e de nível elevado de educação nas universidades, na mídia, na medicina e nos centros financeiros bancou sua campanha de US$ 600 milhões (que dependeu ainda mais que a de George W. Bush em 2004 de doações em montante elevado). Esse grupo em breve se tornará a classe governante. E a ironia é que terão de enfrentar o problema para o qual estão menos preparados: o da escassez.
Criados em ambientes prósperos, favorecidos pela genética, esses jovens líderes da meritocracia terão de governar em um período em que a procura pela riqueza do país supera a oferta. Terão de arcar com o fardo cada vez mais pesado de uma sociedade envelhecida, custos de saúde em alta e preços elevados para a energia. Terão de cobrir o US$ 1 trilhão ou mais que o governo gastará para evitar uma recessão profunda. Enfrentarão dificuldades para manter suas promessas de cortar impostos, criar uma revolução na energia, aprovar um dispendioso programa para a saúde, e tudo mais.
Nos próximos anos, a riqueza do país estará estagnada ou em queda. A contração fiscal se tornará mais severa.
Haverá disputas mais ferrenhas por recursos escassos, divisões mais gritantes entre facções. O desafio do próximo presidente será atenuar a dor da recessão atual e ao mesmo tempo construir uma sólida fundação fiscal para que o país possa voltar a prosperar em algum momento futuro.
Em outras palavras, provavelmente estamos ingressando em um período no qual os jovens e inteligentes liberais terão de encarar uma escassez inamovível, para a qual não têm planos.
Na era da transição, caberá aos filhos arcar com o fardo deixado por seus pais.
Para ler o artigo original no NYT, clique aqui
Tradução de Paulo Migliacci

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Documentário alemão examina indústria do cinema pornográfico

Os bastidores e, especialmente, os atores do cinema pornográfico são o assunto do documentário alemão "O Dia-a-Dia do Pornô", de Jens Hoffmann. E, para quem espera ficar chocado, uma surpresa: essas pessoas que atuam e produzem os filmes são, muitas vezes, surpreendentemente comuns em sua vida cotidiana, encarando sua inusitada atividade apenas como um trabalho igual a qualquer outro...(continua)

Barack Obama é eleito


Que alivio ! O democrata Barack Obama venceu as eleições presidenciais norte-americanas e em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito - depois que o candidato republicano John MaCain reconheceu a derrota - disse que a “mudança chegou” aos Estados Unidos. Ele falou para milhares de pessoas, em um parque da cidade de Chicago.
O primeiro presidente negro dos Estados Unidos já tinha a vitória praticamente assegurada por volta das 3h30 (horário de Brasília) da madrugada de hoje (5). Pelas projeções, Obama havia assegurado a vitória em pelo menos 338 votos do Colégio Eleitoral, superando os 270 votos necessários, segundo informações da BBC Brasil .


O choro de Jesse Jackson fala mais do que quaisquer palavras!


terça-feira, 4 de novembro de 2008

São Paulo é a quarta cidade mais cortês do mundo


São Paulo conquistou o quarto lugar na lista das cidades com maior nível de cortesia do mundo, segundo pesquisa realizada pela revista Reader's Digest. Para mim não foi nenhuma surpresa porque São Paulo é realmente uma cidade hospitaleira e cortês, por vocação cosmopolitana a despeito dos clichês de cidade fria, metida... e outras bobagens. Na edição anterior do trabalho, a cidade ficou em quinto lugar. O teste foi realizado em 35 cidades pelo mundo por repórteres que não se identificavam. Os mesmos três testes foram realizados em todos os locais: entrar atrás de alguém em um edifício (para saber se a pessoa da frente seguraria a porta); fazer uma compra de pequeno valor (e descobrir se o vendedor agradeceria) e deixar uma série de papéis caírem em algum ponto movimentado (na esperança de que alguém ajudasse a recolhê-los). Cada um desses testes foi feito 20 vezes para que se chegasse ao resultado.
São Paulo ficou atrás apenas de Nova York (Estados Unidos), Zurique (Suíça) e Toronto (Canadá). Em último lugar ficou Mumbai, na Índia, seguida de vários destinos da Ásia. Oito das nove cidades testadas do Oriente se classificaram nos últimos 11 lugares.

Rubens Ricúpero faz ótima análise da campanha e candidatos americanos

Um pouquinho longo para o formato mas vale a pena. Recomendo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Cidade de São Paulo tem mais serviço social em bairros ricos, diz estudo

Os dez distritos da cidade que oferecem mais vagas em programas sociais e educacionais para crianças e adolescentes estão nas regiões centrais e mais bem estruturadas de São Paulo. Já os dez distritos com as mais frágeis redes de proteção ficam nas periferias e concentram número elevado de crianças e jovens em condição de pobreza extrema.
O ranking dos serviços no Município, obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi encomendado ao Instituto Lidas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).
Em primeiro lugar no ranking de atendimento ficou Moema, na zona sul. Entre os mais de 70 mil moradores da área, 53% vivem em famílias cujo chefe ganha mais de 20 salários mínimos por mês, situação que se reflete nos indicadores sociais do bairro.
A situação se inverte em Perus, o último colocado entre os 96 distritos, que tem dez vagas em diferentes tipos de serviços para cada mil moradores de até 18 anos ou 56 vezes menos do que o distrito de Moema. Ao mesmo tempo, 11% de seus jovens estão em situação de extrema pobreza.
E o ranking traz surpresas. O Brás, na região central, é o quarto distrito com menor oferta de vagas, com um índice de 14 vagas para cada mil jovens do bairro. Já o distrito do Grajaú, na periferia sul, com 76 vagas por cada mil pessoas de até 18 anos, fica um pouco abaixo da média registrada na capital.
Para a presidente do CMDCA, Elaine Macena Ramos, o estudo ajuda identificar distorções. "Com esse quadro, temos como ajudar a orientar investimentos do poder público e do terceiro setor e como cobrar melhorias para as populações menos beneficiadas."

Fonte: Agência Estado