quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O grampo que não grampeou


Segundo o Jornalista
Luiz nassif, "Hoje completa 90 dias do aparecimento de uma provável fraude, talvez a maior já produzida pela moderna imprensa brasileira: o suposto grampo que Veja garante ter sido feito pela ABIN em uma conversa entre um Ministro do Supremo e um Senador da República.

90 dias depois, nenhuma das acusações da revista se confirmou. Nem que foi a ABIN, nem ao menos que a ABIN possuía maletas que permitissem grampo - aliás, a revista foi tão inconsequente que nem contava que a ABIN não dispunha de uma ferramenta óbvia para uma agência de inteligência.

Nesses 90 dias, a nação testemunhou a encenação escancarada de uma farsa, da qual participaram deputados, senadores, autoridades federais, autoridades do Judiciário e a mídia. A revista falava em uma verdadeira indústria de grampos, mencionava dezenas de pessoas supostamente grampeadas. Não conseguiu comprovar nem ao menos que o grampo mencionado na reportagem era real.

Futuramente, a história do jornalismo considerará esse episódio como sendo da mesma dimensão das Cartas Brandi e do Plano Cohen.

Por Jorge Furtado

Uma obra prima este trecho do depoimento do ministro Nelson Jobim à CPI dos Grampos, um perfeito exemplar de falácia argumentativa. Cada República tem o Platão que merece.

O SR. NELSON JOBIM – Veja, deputado, há um dado importante: tanto o Ministro Gilmar Mendes quanto o senador Demóstenes confirmam o diálogo.

O DEPUTADO LAERTE BESSA – Confirmam.

O SR. NELSON JOBIM – Logo, o diálogo houve. Se o diálogo houve, e confirmado pelos próprios integrantes, houve a gravação. E, se houve a gravação, a gravação foi ilícita.

O DEPUTADO LAERTE BESSA – Foi ilícita.

O SR. NELSON JOBIM – Então, não há que se discutir mais ter havido isso
.

Não é uma maravilha? Não há que se discutir.

É tudo falso, claro. Eles podem estar mentindo. Um deles. Ou os dois. Se mentiam, um dos mentirosos pode ter anotado a conversa enquanto falava. É possível que não haja gravação nenhum, portanto. Se um dos mentirosos - se mentiram - estivesse gravando sua própria conversa, a gravação não é ilícita, qualquer um pode gravar suas próprias conversas telefônicas e nem precisa dizer ao interlocutor que está fazendo isso. É uma sacanagem, talvez, mas não é crime. Pode não haver, portanto, ilicitude alguma na gravação, se é que houve a gravação. E se houve a gravação (que não se ouve), quem gravou? Quem perdeu com o episódio? E quem ganhou?

Notas taquigráficas completas do depoimento de Nelson Jobim em: clique aqui.

blog do Nassif

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma coisa eles conseguiram-além de mudar o foco das atenções público com esta confusão: manchar a imagem de uma instituição q nada mais tem a ver com o famigerado sni. Jamais a veja e grande mídia vai se retratar qt à seriedade da Abim.