quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cadê meu Analista !?

Visitar o passado é exercício pesado e pantanoso (risos).  Então sempre que retorno à casa paterna fico reflexivo, pois sempre há mdanças e também recordações num mix frenético-comparativo.
Num raio de uns quinhentos metros da casa dos meus pais  em Jataí-Go sobrou uma única família dos meus tempos. 
Onde eu armava arapucas e caçava tatús tem agora um prédio vistoso de  doze andares. Alias, a última coisa que eu faria se vivesse aqui seria me engaiolar num edifício, mas como dizia Freud “somos o que nos falta”.  O povo aqui agora só pensa em ir ao shopping. Sim esta desgraça dos tempos modernos já chegou aqui e é o “must”  comer na praça de alimentação (agh!) um subway, mc Donald´s, girafas etc, ou ficar em casa e pedir um “Delivery” tudo tudinho  muito chic como se vê nas novelas e filmes. De outro lado, eu também segundo o axioma atribuído ao velho Freud, procuro uma galinhada com pequi, uma coxinha sem pressa feita com massa de batata, a cachaça artesanal do  Zé-Rodrigues acompanhada de um naco de linguiça de porco caipira, porque para os padrões vigentes eu sou antigo e brega, ou no máximo, excêntrico. Isso sem falar das minhas refeições que minha mãe já sabe que precisa ter  milho refogado com cebolinha, gueroba, quibebe, cortado de abobrinha com jiló e arroz com suã, senão eu dou chilique e faço inflamado discurso anti-modernidade (risos) com ofensas aos traidores do modo goiano de comer. Fotos da comilança de hoje, aqui
Perguntei por que precisam de quatro carros aqui em casa e as explicações são variadas, mas o fato é que quase todo mundo tem uma picape (quase do tamanho de um ônibus) pra ir à padaria ou ao banco que fica bem pertinho.
Como acontece em quase todas as cidades do Brasil se você não tiver um carrão e uma TV de 60 polegadas (mesmo que a sala tenha só 2m x 2m), você é um pobre lazarento, Então agora também aqui já temos congestionamentos, estacionamentos e Casas Bahia...
Da música breganeja eu nem falo nada porque é uma metástase nacional.
Mas os demônios que me assombram quando volto aqui são relativos à infância/adolescência, período especialmente sensível onde  -para o bem e para o mal-,  é forjada e definida a nossa  existência...
Tem ainda os espíritos dos Jatobás em cuja sombra eu brincava, fazia confissões e mais tarde descobriria a sexualidade algo dolorida, na época. Eles continuam frondosos todos aqui em frente de casa numa área milagrosamente salva e transformada agora num parque e testemunhando a passagem do tempo. Alguns anos atrás quando meu pai ainda conversava, ele me contou que quando era criança esses Jatobás eram do mesmo tamanho e alguns ficavam nas terras do meu avô e ele (meu pai) tinha um cavalo que se chamava moquinha que sempre empacava debaixo de um deles rsrsrs... bla,bla,bla...
Não sei precisar o quanto vivem esses jatobás, mas eles são talvez, minha mais umbilical ligação com o passado e testemunhas da infância e adolescência marcadas por todo tipo de horror e terrorismo físico e psíquico, infringidos pela doentia repressão religiosa e parental nos anos 60 e 70 e que moldaram a relação de  amor e ódio com o lugar e as pessoas por aqui e é  por isso que eu exclamo; Cadê meu Analista?