terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Cronologia dos golpes de estado no Brasil

Fui pesquisar por curiosidade a historiografia dos golpes de estado no Brasil e não encontrei nenhuma lista definitiva ou coisa parecida, mas escarafunchando por aí deu para encontrar mais de dez de caráter militar, parlamentar, misto etc, com apoio de parte da sociedade civil inclusive. 
Pode ser que tenha faltado algum, mas já dá pra ter uma ideia do desapreço brasileiro pela legalidade e inclinação para os casuísmos /” jeitinho”.  E no final fica sempre a pergunta; Torcer as regras por conveniência para golpear a legalidade não é também uma forma de corrupção?  Logo ela que sempre esteve no centro e entre os pretextos favoritos para os golpes por maior que possa ser esta contradição!?
Vamos a eles:

1º  Golpe
1840: Posse de Pedro II através de golpe parlamentar antecipando a maioridade de Pedro aos 14 anos para que ele pudesse assumir e que ficou conhecido como golpe da maioridade.

2º Golpe
1889:  D. Pedro 2º foi deposto pelos militares do Rio de Janeiro e banido do país com toda sua família e assume o marechal Deodoro da Fonseca.

3º Golpe
1891: Com a renúncia de Deodoro da Fonseca, assumiu o vice, Floriano Peixoto. A Constituição mandava que fossem realizadas novas eleições. Floriano ignorou a constituição governando com mão de ferro até 1894. Chamaram-no "Golpe do Marechal de Ferro".

4º Golpe
1930: Getúlio Vargas é derrotado na eleição presidencial e lidera uma revolta que termina na deposição do presidente Washington Luiz, pelos militares do Rio de Janeiro.

5º Golpe
1937: Getúlio Vargas fechou o Congresso, cm o apoio dos militares integralistas e suspendeu a eleição presidencial que marcara,  criando a ditadura do Estado Novo.

6º Golpe
1945: Os militares depuseram Getúlio Vargas, que convocara eleições para eleger seu sucessor. Elas deveriam ser realizadas em dezembro, mas Getúlio foi deposto em outubro e tomou posse o presidente do Supremo Tribunal Federal. 

7º Golpe
1955: O presidente era Café Filho que precisou se retirar por problemas cardíacos. Deixou em seu lugar o presidente da câmara Carlos Luz, que demitiu o ministro da Guerra, Henrique Lott, e em poucas horas foi deposto pelos militares. O Congresso então providenciou um impeachment para Carlos Luz e empossou o presidente do Senado, Nereu Ramos.

8º Golpe
1961: Jânio Quadros renuncia e os ministros militares não concordaram com a posse do vice-presidente João Goulart. Com o país à beira de uma guerra civil, em poucos dias o Congresso votou uma emenda parlamentarista, golpeando e mutilando os poderes do presidente Jango, que finalmente assumiu.

9º Golpe
1964: Insuflados por uma parcela da população, inicia-se uma revolta militar. O presidente Jango desiste do confronto e o presidente do Congresso declara vaga a presidência da República, extinguindo o mandato de João Goulart que teve que fugir para o Uruguai e assumiu então o Marechal Humberto Castelo Branco.

10º Golpe
1968: Chamado golpe dentro do golpe, o marechal Costa e Silva assume o poder e baixa o Ato Institucional nº 5, que fechou o Congresso e suspendeu as liberdades, mergulhando o país no mais tenebroso período da história recente onde floresceu a tortura e desaparecimentos de pessoas contrárias ao regime.

11º Golpe
1969: O Marechal Costa e Silva, sofreu um AVC e ficou incapacitado. Os três ministros militares então avisaram o vice Pedro Aleixo, que ele não assumiria e formaram uma Junta Militar para governar dando continuidade ao regime até 1985, quando houve a redemocratização do país.

12º ?!!  2015
Esboça-se e avizinha-se mais um jeitinho, um novo golpe encabeçado pelos políticos derrotados na eleição de 2014 em aliança, com a mídia partidarizada e oligarca que martela dia e noite a corrupção de um partido e santifica os demais, insuflando segmentos sociais insatisfeitos com o partido dos trabalhadores no poder pela 4º vez consecutiva eleito pelo voto popular. Para dar uma aparência de legalidade ao golpe estão sendo gestada e alimentada uma crise com o objetivo de jogar a população contra a presidente eleita e um artifício jurídico como sempre, para envernizar o golpe, que são as tais "pedaladas fiscais" que apesar de indesejáveis, são apenas jogadas contábeis praticadas desde sempre por todos os governantes, sem nunca ter sido objeto de querelas e muito menos indignação.

Se o golpe vai triunfar novamente depois do mais longo período de democracia da historia brasileira, ainda não sabemos, mas os tempos agora são outros, a nação está dividida e pode ser que a aventura acabe mal, em violência ou jogando o país na vala das republiquetas condenadas a viverem eternamente de golpe em golpe. A Conferir!

O fato é que a receita dos golpes quase sempre teve e tem os mesmos ingredientes: Insatisfação popular, um caso de corrupção bem escabroso amplificado e turbinado pela mídia familiar e seus interesses oligárquicos, autoridades, juízes, promotores e policiais alçados à categoria de semideuses, grupelhos facistóides insuflando a população contra o comunismo, cuba, a política, etc... e contra tudo-isso-que-está-aí, seja lá o que isso signifique. Sob esta mistura aplica-se o glacê golpista-parlamentar e/ou militar e enfeita-se a coisa com alguma cereja-jurídica de ocasião para dar uma tosca aparência de legalidade e está pronto mais um golpe contra a democracia, com o incondicional beneplácito da elite autocrática brasileira. 

Mesmo conservadores como o Jurista  Cláudio Lembo, admite que  agora na américa latina, o impeachment tornou-se uma versão light para golpes e uma alternativa menos sinistra do que o golpe militar, mas ainda sim GOLPE!