sexta-feira, 18 de julho de 2008

Programa de Índio

Esta semana descobri de onde vem a expressão “programa de índio”! Foi assim, ó: Minha amiga Andrea contratou um guia índio para uma expedição pela Serra do mar -onde vivem os guaranis desde as priscas eras– e tudo que perguntamos à ele obtivemos respostas assertivas. Parecia até que ele tinha acabado de sair de um desses cursos positivistas do tipo "você pode tudo". (risos!) Perguntamos: Dá para ir de São Paulo à Itanhaem em um dia e meio? O índio: Dá. Tem água potável no caminho? Tem, retrucou meio sem entender... A trilha é boa ? Sim! (na verdade ela só existe na cabeça dele) e assim por diante. Bem, depois de demorar três dias e percorrer excruciantes 41 km com mochilas de 15 Kg na mata atlântica (sem ver trilha alguma) e outros “perrengues” como encarar um declive de 298 metros em apenas 2,7 Km, descobri com a ajuda da Andrea, que os índios, apesar de aculturados e vestidos como garotos do subúrbio de Los Angeles, ainda conservam muito de sua cultura como a incrível destreza na mata que é o seu habitat e uma singular compreensão da realidade em relação a nós. Perguntei a ele se trabalhava e ele me disse que sim (somente às terças feiras). Quando eu quis saber se estava perto de um ponto para acampar, porque estava exausto, ele disse que sim e nós ainda caminhamos 6,7 Km na mata fechada. Aquilo que levamos três dias para percorrer, quase exaustos, eles gastam um dia apenas e chegam inteiros. Acho que deve ser de alguma experiência assim que alguém tirou a expressão “programa de índio” porque eles são F! Eu queria estrangular o cara quando eu perguntava uma coisa e a resposta dele não "fechava" como: Falta muito para o ponto de descanso? Ele respondia: Pouquinho, só! Para então caminhar mais uma légua e meia rs,rs,rs... e, -pasme- atravessar descalço um rio gelado de noite com as botas nos ombros e mochilas na cabeça.
Enfim foi uma trilha um pouco puxada, mas finalmente pudemos realizar o desejo de atravessar o que sobrou da mata atlântica e desfrutar desse bioma maravilhoso. Eu conhecia o cerrado (onde nasci) e seus constituintes como matas, capoeiras, capões, covais, chapadões etc., e a caatinga de outras andanças, mas a floresta atlântica, eu nunca tinha visto a não ser, pela janela do carro na rodovia dos imigrantes, e mais parece um Jardim! Muitas plantas exóticas e uma enormidade de regatos cristalinos por toda parte, palmitos, árvores centenárias, cipós, samambaias gigantes e tudo muito perfumado! Para ver algumas fotos e um esquema que mostra o trajeto, clique aqui. Enquanto caminhava, lembrei dos bandeirantes, jesuítas, etc. que faziam esse caminho corriqueiramente. E até de D. Pedro que atravessava a serra, só para ver sua amante, heim? (amor pra lá de 40 km... rs,) Afff. Resumindo; umas bolhas nos pés e algum cansaço não são nada se comparados com o prazer que foi estar ali dentro daquele jardim com o Mané, Andrea, Rui, Theo, Juliana, Eunice e o Biguái (guia). Graças ao arquiteto dessa floresta, lá não funciona celular. Por isso, ainda é possível sentir um gostinho do “perigo” da selva e a curiosa sensação de sermos bichos (estranhos) também, a apenas alguns kilômetros da 3ª maior cidade do mundo. Para ver fotos da Juliana postadas no Orkut, clique aqui. Para quem quiser fazer esse passeio eu sugiro levar uma mochila com no máximo 8 kilos, deixar a pressa trancada na gaveta, desfrutar de relaxamento/comunhão com o ambiente no tempo próprio dalí.

10 comentários:

Judith disse...

Ricardo, quer dizer que você teve, na prática, na pele, nos pés, uma VERDADEIRA aula de antropologia cultural? Precisava ir tão longe? rsrsrsrsrs.

Uau!
Apesar de gostar do teu relato, das fotos, sei lá, viu, 41 km em 3 dias??? Hummm... Quando rolar uma trilha de 10km, me chama tá.

Bjão

Unknown disse...

Mortaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa de invejaaaaaa!!!
Q delícia!!!
Caminhadas, cachoeira, mata atlântica...
Demais, demais!!!
Eu queria estar lá e ainda tomar uma c vc no Bar do Zé Pretinho e prosar, para matar as saudades.
As fotos estao perfeitas!!!!
E vc tá ótimo!!!!
Beijooooooooooooooo!!!

Indra disse...

Ri, realmente deu para sentir o feeling da caminhada. As fotos estão demais. É tão bom poder ter esse contato com a natureza, conversar com aqueles que não tem pressa (ou será presa?), sentir o frio do rio, ouvir o barulho das águas. Fiquei com inveja e vontade de ir na próxima viagem, sempre e quando não seja categoria 30!

Felizbina disse...

Que história fantástica! Como é que fazemos pra agendar com o Biguái? ele tem telefone? rsrs...

Anônimo disse...

É Ricardo recupera bem essas bolhas ai e descansa bastante porque tu vai ter que fazer um dessas quando eu chegar ai viu?
Que "legal tche"! Deve ter sido maravilhoso.
Grande abraco
Anderson

Miboffo disse...

Super! Indescritível!
Lindas fotos! Gostei especialmente daquele "rio de pedras", dos trilhos, e do lago maravilhoso.
O Mané, no estilo desbravador das matas, é "a foto".
beijo
Mi

Lu França disse...

Ricardo Reis!!
Adorei tua narrativa e, com as fotos maravilhosas da Ju, quase me senti na aventura indigena com vcs.
Só tenho uma coisa pra te dizer, séria!! Na proxima vez me convideeeemmmmm!!!
Obrigada por fazer tao bem a quem gosto! Muito prazer, Luciana, a prima pobre de Juliana Cupini!!
Abracao

Ricardo Reis disse...

Oi Luciana,
Obrigado pela visita. O prazer é todo meu. Você está desde já convidadíssima para a próxima. Fiquei muito feliz de saber que o passeio fez bem á nossa Jú. bjs.

Anônimo disse...

meu amigo, não dá p/ñ sentir inveja, a caminhada é longa porém ma-ra-vi-lho-sa. 5km eu topo.rsrsrsrsrs. tem mais???aquela escondidinha??? bjs mil

Ricardo Reis disse...

Fiquei aqui tentando adivinhar...
Vou ficar aqui com meu palpite
Diga aí p/ ver se confere rs,rs.rs...