quinta-feira, 28 de julho de 2011

ENSAIO - Adalto Novaes

...O trabalhador é fixado no aparelho produtivo, no qual "o tempo da vida está submetido ao tempo da produção". Vemos nessa experiência uma mudança essencial que nos interessa porque se torna mais aguda e determinante no trabalho hoje: "da fixação local a um sequestro temporal". Ou melhor, da ideia de controle do espaço no trabalho à ideia de controle do tempo.
O trabalho sequestrou o tempo. Se, no século 19, o controle do tempo era apresentado ao operário como um "aprendizado de qualidades morais" que, na realidade, significava a integração da vida operária ao processo de produção, hoje o controle é aceito com naturalidade, e até mesmo desejado.
O homem se integra voluntariamente "a um tempo que não é mais o da existência, de seus prazeres, de seus desejos e de seu corpo, mas a um tempo que é o da continuidade da produção, do lucro ...(leia mais)

Um comentário:

Indra disse...

Interessante, Ri. Não concordo com o termo "preguiça" para determinar esse momento meditativo e de devanéios produtivos. Não exite isso de preguiça idiota ou preguiça reflexiva...o que sim acredito é nesse "momento" que todos nós deveriamos ter para olhar, ver, sentir, ouvir, contemplar. É esse momento que vai nos levar à viagem do devanéio tão pouco usada pelo comum mortal, aquele mortal que não questiona nada porque não tem "tempo" para devanéios.
Quanto à "preguiça", acredito que é mais um termo usado para desculpar a falta de interesse nas coisas e a falta de interesse na vida. Afinal, quem tem preguiça não tem boa saúde ("não faço ginástica...me dá preguiça", "não faço saladas porque me dá preguiça", "não leio...que preguiça!"), não aproveita o tempo nem para pensar! Eu tenho horror de preguiça...mas respeito o preguiçoso, pois acredito ser uma escolha de vida!