Toda vez que entro em um avião eu fico pensando se o piloto e copiloto dormiram bem, se estão descansados, bem-dispostos etc... Nunca me preocupo com suas condutas sexuais, religiosas, defeitos e virtudes etc... Penso que o importante é realizar bem seu trabalho de pilotar, decolar e pousar em segurança, mas em tempos de cancelamentos, nem todos pensam assim.
No mês passado, a editora W.W. Norton & Company tirou de circulação a biografia de Philip Roth depois que o autor, Blake Bailey, foi acusado de agressões sexuais nos anos 90 por ex alunas.
Felizmente o livro agora voltará às prateleiras por uma nova editora, a Skyhorse Publishing que é a mesma que publicou a biografia de Wood Allen que também havia sido cancelada pela editora Hachete igualmente por motivos “morais”.
Por aqui, a companhia das Letras suspendeu por tempo indeterminado a publicação da biografia de Roth, antes mesmo de concluir a tradução do catatau de 921 páginas.
Bem, se o aclamado biografo Blake Bailey (que foi escolhido por Roth antes de morrer) for mesmo culpado pelas acusações de suas ex-alunas, que seja julgado com os rigores da lei sobre assédio, mas cancelar o livro -considerado excelente pela crítica especializada- parece com, furar novamente a sola de um sapato que fora bem consertada por um excelente sapateiro, após descobrir que o mesmo foi acusado de algum delito anos atrás.
A propósito, Fernando Schüler analisou este comportamento (bizarro!?) em um bom artigo que pode ser lido aqui.
Obs: Por falar em cultura de cancelamento, nestes tempos em que não se pode discordar de nada que tenha a chancela de “correto”, os julgamentos recaem não apenas sobre celebridades, mas atingem quaisquer de nós mortais por qualquer motivo. Semanas atrás, quase fui "cancelado" quando falei, que não estava ainda convencido da urgência urgentíssima da campanha pelo pronome neutro... diante de outras urgências LGBTQIA+ Receio que se não aderir logo, serei declarado inimigo das boas e santas causas brevemente.
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