domingo, 29 de junho de 2008

Ilustre Marginal

Carlos Lessa, um "ilustre marginal" como ele mesmo se autodenomina, deu entrevista à Istoé onde critica a falta de ousadia dos governantes e derrama sua ironia sem sutilezas, sob os rumos da economia e seus timoneiros. Para quem não se lembra, o economista Carlos Lessa chegou a integrar o primeiro governo Lula, mas não não sobreviveu por muito tempo. Foi defenestrado pelo "mercado" por ser nacionalista demais. Pincei alguns trechos da fala necessária do corajoso economista -que está logo abaixo-, e a entrevista completa pode ser vista aqui.

...é inexorável uma inflação mundial. E o Brasil não vai escapar a ela. Por quê? O petróleo é o formador de custos de todos os alimentos e de todas as commodities no mundo. Tudo que é produzido tem um componente pesado de transportes, principalmente as commodities e as matérias- primas. Então, todos os preços mundiais não vão parar de subir.

...O dinheiro entra. E a taxa de câmbio vai para baixo. Meirelles segura a inflação com a taxa de câmbio. Mas a custa de quê? De pagar uma taxa de juros proibitiva, que impede o governo de fazer política de saúde, política de educação, política de transportes e tudo mais.

... o especulador internacional adora receber os juros que o Meirelles paga. Aliás, isso também vale para o especulador brasileiro, que vai para o Caribe e volta como internacional. Agora, há um medo, que é o de o balanço de pagamentos do País começar a ratear. Se a conta comercial ficar fraca, o especulador internacional vai recuar.

... Qualquer um que não for o nome querido do mercado de capitais e do sistema de bancos vai tomar pancada de todos os lados. A Dilma está apanhando de maneira injusta. Acho que o Palocci é a figura de eleição do mercado. Se não podem fazer o Meirelles candidato a presidente, então que seja o Palocci.

... Por que os americanos estão no Oriente Médio? Por uma razão muito simples: os Estados Unidos não produzem nem 40% do petróleo que consomem. Imagine o Brasil dizer que tem um pré-sal colossal, que pode cobrir a brecha americana? Vamos virar de novo o quintal dos Estados Unidos. E não há pior coisa no mundo do que ser quintal deles.

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