terça-feira, 27 de maio de 2008

Conversas no boteco que toca Cocteau Twins

Dia desses num simpático boteco na Peixoto Gomide eu e uma amiga ex-redatora criativa da McCann Erickson que assim como eu, largou o cargo numa mega empresa, para aderir ao “viver simples” * (mas isso já é uma outra história), estávamos conversando sobre como estamos mais felizes esnobando o mundo corporativo e o consumo a qualquer preço, quando começamos a falar sobre a propaganda, essa “mão oculta” e seu o intuito nas campanhas publicitárias. Principalmente porque tínhamos acabado de sair do shopping Frei Caneca e resistido à todas as tentações. Não me lembro porque mas, começamos a analisar propagandas de cerveja e cigarro (talvez porque estivéssemos tomando uma original) que são casos emblemáticos, pois estão sempre se mostrando inofensivos subliminarmente ou não. Em ambos os casos, tentam mostrar através dos esportes radicais, mulheres inacreditáveis, aventuras surrealistas e de desafios inimagináveis, tudo aquilo que um alcoólatra e/ou fumante gostaria imensamente de praticar, possuir, mas não pode, porque ou é uma ou mais dessas coisas; sedentário, fumante, alcoólatra, pobre, etc. A esse cruzamento de sensações; associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão, deu-se o pomposo nome de sinestesia. Palavra bastante badalada no mundo corporativo, consultorias, publicidade, etc. Bem esse engodo, ooops, melhor dizendo essa sinestesia, visa em última instância, preencher um vazio psicológico, do consumidor ou vítima -dependendo do ponto de vista-, que, nem Freud explica. Falávamos sobre isso em razão da cara de pau dos fabricantes de bebidas agora se apresentarem na TV, em horário nobre e demais mídias atacando a tentativa de se restringir esse tipo de propaganda e proteger as crianças e adolescentes como já acontece na maioria dos países ditos desenvolvidos. Bem daí foi chegando outros amigos e a conversa tomou outros rumos, mas fiquei com aquilo na cabeça e hoje pesquisando o assunto encontrei uma dissertação espetacular do mestre Gilberto Dupas que é leitura indispensável. Curta, mas definitiva. clique aqui.

2 comentários:

Indra disse...

Liberdade de expressão? E cadê a minha liberdade de não ser "invadida" a cada 3 minutos enquanto tento assistir um determinado programa na tv? TV a cabo é a saída para os que só têm tv pública? Wrong! Eu tenho me livrado desse aparelho dito democrático e chamado de tv, graças a Deus! Odéio essa invasão de comerciais que tem até no cinema. Hello? Alguém ai entendeu que eu não estou afim de "precisar um novo produto", de "experimentar uma nova sensação", de "comprar a nova revoloção do mercado"? Acho que publicidade não é liberdade de imprenssa. Acho que é uma sedução aos piores hábitos e costumes do ser humano. Publicidade? Tô fora!

Indra disse...

Eu tenho quase certeza que estávamos ouvindo Cocteau Twins. Vc tem certeza?