domingo, 25 de maio de 2008

A sonda espacial, meu pai, o futebol e a parada gay...

Transcorridos 27 minutos após o pouso bem sucedido da sonda Phoenix em solo marciano, ainda não há uma única frase sobre o assunto nos maiores portais de lingua portuguesa (UOL/IG/Terra/Globo) que destacam apenas notícias sobre os empates e a rodada do Brasileirão, a parada gay em todas as suas variantes com destaque para o transexual do jogador Ronaldo que foi a sensação do dia etc e etc. Sendo assim, temos de recorrer à BBC na versão em português que já publicou um artigo (porque provavelmente pensam que nós nos interessamos por outros assuntos também).
Foi muito legal acompanhar ao vivo os últimos 40 minutos (pela TV Nasa) direto do centro de controle da missão. Isso me fez lembrar que um dia quando pequenino ví meu pai mudar o enorme rádio de lugar e mexer com a antena enorme e esquisita e, percebendo que alguma coisa muito importante estava para acontecer, perguntei porque ele estava bolindo o rádio, e ele disse que ia começar a copa do mundo (a de 1970) e o Brasil ia jogar com a Tchecoeslováquia e eu devia prestar atenção e ficar mudo.(risos)
Aquele rádio que devia pesar uns 15 kilos -infelizmente-, não existe mais, mas eu me lembro que ele era "valvulado" demorava uns 10 minutos para esquentar e a transmissão em ondas curtas era uma tortura (risos) e não dava para entender nada. Apenas 28 anos se passaram e hoje deu pra acompanhar sem problemas a chegada da sonda phoenix ao planeta marte pela internet em tempo real, ao vivo e em cores. Uma pena que meu velho pai já não se interessa por esse tipo de transmissão ou manchete. Bem, ele também não dá a mínima para os empates do Brasileirão ou a parada Gay. Tá tudo certo então.

4 comentários:

Indra disse...

é realmente emocionante ver tudo ao vivo, não pelas ondas curtas ou a tv, senão pela internet. oh invenção boa! agora, como te disse ontem, eu não sei por que o homem sisma em descobrir novos pontos de destruição. já não basta o que fizeram com o nosso planeta? precisam destruir também o planeta vermelho? eu não sei se vale a pena investir milhões num planeta que está indo bem graças a Deus, quando o nosso está na fase de reversão até explodir. tudo bem, a transmissão ao vivo foi uma super emoção, ver a equipe toda torcendo e gritando quando anunciaram "Phoenix has landed!" foi lindo. um verdadeiro show"

Ricardo Reis disse...

Os cientista acreditam que marte já foi um planeta como a terra e acham que podem descobrir pistas sobre como e porque ele ficou desértico e isso ajudaria a evitar a repetição do fenômeno com a terra. Quanto a essa curiosidade de saber se há água e carbono (os constituintes básicos da vida tal qual a conhecemos) eu suponho que seja a nossa necessidade/ansiedade de expandir nossas fronteiras e o conhecimento e isso vem desde a época mais primitiva. Faz parte !

Judith disse...

É difícil, no cenário tupiniquim, competir com campeonato brasileiro na rodada de domingo plus parada gay. Por mais fascinante que seja a chegada da sonda Phoenix em Marte, as notícias locais ainda parecem dar mais ibope que, na minha opinião, é o que regula o que entra e o que não entra nas nossas telas e portais. Vamos pensar no brasileiro "médio", lá mesmo de Goiás, que você usou como exemplo. Acho que ele vai querer muito mais saber se o Flamengo e o time dele venceram e como foram dos gols do que se tem água em Marte. E eu, embora ache importante todo este investimento que se faz pra mandar uma sonda pro espaço, continuo achando que sai mais barato preservar aqui, em terra firme, o nosso planeta em franca agonia.

Anônimo disse...

Judith,
Pois é, você melhor que ninguém sabe dessas coisas mercadológicas, mas você não acha que podiam postar uma notinha que fosse ali num cantinho? Curioso que a Europa e USA também tem as trivialidades deles, mas os portais cravaram com grande destaque o assunto. Na verdade a gente não tem uma tradição de investimento em pesquisa e ciência e nem de se interessar por ciência. Impressão minha ou a pseudociência faz mais sucesso entre nós ? Concordo com você, provavelmente nós deveríamos cuidar da terra primeiramente, mas coerência não é o nosso forte, heim ?!