segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Brasileirão

Torci por um empate entre Grêmio e Palmeiras e vitória da lusa ontem, mas ver o Luxemburgo perder, não tem preço apesar de o time contar com o excelente goleiro Marcos sobre o qual achei esta crônica, a respeito da exemplar atuação de ontem no parque Antarctica diante da inépcia do time sem Cleber.

São Marcos

Por Kadj Oman

Em 1999 e 2000, por duas vezes, o goleiro do Palmeiras deixou todos os corinthianos nervosos, tristes, decepcionados, putos.
Seu nome ainda era Marcos. Só Marcos.
Virou São Marcos.
E hoje, 8 anos depois, o mesmo goleiro deixou este corinthiano com lágrimas nos olhos.
Pelo que fez a partir dos 30 minutos do segundo tempo do jogo em que seu time ia sendo derrotado pelo Grêmio por 1 x 0 dentro de casa, jogo que valia a vida no campeonato, a luta pelo título.
Ao correr pra área adversária, primeiro numa falta, depois num escanteio, depois com a bola rolando, São Marcos não desrespeitou apenas as ordens de Luxemburgo.
Muito mais do que isso.
Ele foi contra o disciplinamento excessivo.
Contra o controle sem sentido.
Contra o jogar sem emoções.
São Marcos derrubou a barreira entre jogador e torcedor. Fez o que todos os 28 mil na arquibancada queriam ter feito.
Escutou seu coração, lembrou o ditado, o colocou na ponta das chuteiras, e disse: “isso é a minha vida, eu decido o que fazer com ela”.
Como disse um amigo, lembrou Garrincha.
E Pelé.
E Maradona.
Foi, simplesmente, genial.
A derrota de ontem deveria ser para o palmeirense talvez uma das mais orgulhosas dos últimos tempos.
Porque, pra além do que ela significou em termos de campeonato, está seu significado pro imaginário, pra memória, pro coração do alviverde.
Que ficou sabendo, mais do que nunca, que ali, embaixo das suas traves, no comando da defesa que ninguém passa, está também uma parte da torcida.
Que canta e vibra.
Pelo alviverde inteiro.
Que sabe - e como sabe - ser brasileiro.
Marcos, sei que provavelmente você nunca vai ler isto.
Mesmo assim, precisava agradecê-lo por me dar a certeza de que você, com esse caráter incrível, não defendeu aquele pênalti em 2000.
Foi o Marcelinho que o perdeu.
Abraços.

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