domingo, 6 de julho de 2008

Lei Seca (de racionalidade)

Essa lei chegou em boa hora. O que é muito chato é o escarcéu que os meios de comunicação fazem em torno dela. Já ouvi dizer que o índice permitido é de 0,6 gramas por litro de sangue e que isso equivale à ingestão de um simples bombom licorado, uma taça de vinho, um bife flambado ou um bochecho com listerine... É tanta coisa que dizem que, pode levar a pessoa para trás das grades, (com direito a “close” na TV), tanto sensacionalismo e terrorismo desnecessário, que até confunde. Por isso Investir em campanhas educacionais não seria má idéia.
Não sei por que reinventar a roda. Já existem nos países ditos desenvolvidos leis que funcionam bem e que poderiam ser pesquisadas e até imitadas. Por exemplo, nos EUA a coisa funciona mais ou menos assim: Se o motorista está dirigindo com os faróis apagados, em ziguezague, alta velocidade ou ainda qualquer outra irregularidade, ele é parado (com motivo, ao contrário daqui onde existem as desrespeitosas blitz com ou sem Tv’s... ) que vai multar ou advertir por aquela infração e é nesse momento, que o policial –treinado- vai detectar a necessidade de revistar o carro, verificar documentos, e usar o bafômetro. Caso a quantidade de álcool e/ou outros sintomas suscitar dúvidas quanto à capacidade de dirigir com segurança, o oficial pede ao motorista que olhe para a ponta do nariz, e depois que caminhe sobre uma risca de giz pisando com os dois pés sobre a mesma e repita determinadas frases ou perguntas. A partir disso o policial enquadra o caso e toma as providências que a lei determina. Não é apenas o bafômetro porque mesmo abaixo do índice de álcool permitido, o motorista pode ficar incapacitado. Técnicamente mais apurado e mais justo, utilizar critérios auxiliares. Já aqui, onde até vinte dias atrás dirigir bêbado e matar era considerado uma simples fatalidade, foi uma promulgada a chamada lei seca onde segundo as TV’s, duas tulipas de chope, podem levar a pessoa para a prisão, perda de Habilitação por 12 meses e multa de R$955,00, independente de estar embriagado ou não. E tome terrorismo nos telejornais, porque ser parado em blitz policiais é por si só uma experiência não raro, aterradora.
Eu mesmo fui parado recentemente por uma Blitz onde um brutamonte da policia militar ficou berrando a alguns metros de distância empunhando uma pistola parecida com a do exterminador do futuro e eu morrendo de medo “daquele agente da lei,” não conseguí achar os documentos do carro que não era meu. Daí que aos berros ele mandou seguir para a delegacia escoltado -por ele e sua pistola-canhão-, e prendeu o carro. Eu ainda tentei explicar que falta de documento não é motivo para apreensão do carro (sabia disso porque estava estudando a legislação para um concurso) e fui ignorado além de receber aquele olhar do tipo: “...porque você não disse isso lá naquela rua escura?" Na ocasião eu voltava de um jantar onde tinha bebido umas quatro taças de vinho e embora não estivesse embriagado, esse poderia ser o motivo para ele me multar, mas nem percebeu e o fez pela razão errada e ainda me abordou grosseiramente, com uma arma em punho o que devia ser o fim do mundo, mas não é. Assim, com policiais brucutus e ignorantes da legislação e agora fazendo blitz pela tal lei seca sob as câmeras de TV, caminhamos para mais uma palhaçada com o patrocínio da estupidificante televisão. Uma pena, pois já passou da hora de punir quem dirige bêbado e mata, mas essa espetacularização da aplicação da lei nessas blitz por agentes truculentos e sem nenhum outro critério além do bafômetro, é demais. O melhor mesmo é ficar em casa até passar a onda. O que vai de fato desestimular pessoas dirigirem embriagadas é o fim da impunidade para os que causam dano ao volante e não as blitz-espetáculos. Para ler lúcida análise sobre o assunto clique aqui

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